Alberto Beltrame é médico pediatra, formado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), mas ganhou notoriedade mesmo é como político. Atual secretário da Saúde no Pará, está em evidência em razão da investigação da Polícia Federal sobre suspeita de fraude na compra de respiradores para enfrentar a pandemia do coronavírus.
Fez carreira no segundo escalão de governos estaduais e do federal. Militou desde jovem no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (atual MDB). Foi por indicação partidária que chegou a ministro do Desenvolvimento Social (em 2018, na vaga do seu amigo e correligionário Osmar Terra). Ele e Terra, aliás, se alternaram na chefia dessa pasta, extremamente cobiçada pelos partidos pela abundância de verbas que gerencia e capacidade de angariar votos.
Antes de ser ministro, Beltrame cumpriu a trajetória usual entre políticos regionais, com um diferencial: sempre em funções com recursos generosos e boa possibilidade de render dividendos eleitorais. Foi superintendente regional do Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência Social (Inamps) no Rio Grande do Sul, na época do governo José Sarney.
Também atuou como diretor de assistência médica do Instituto de Previdência do Estado (IPE) entre 1990 e 1994 (governo Alceu Collares), diretor-presidente da Fundação Gaúcha do Trabalho e Ação Social (1994 a 1996, governo Antônio Britto), diretor do trabalho na Secretaria Estadual do Trabalho, Cidadania e Assistência Social (1996 a 1997, governo Antônio Britto) e superintendente de várias entidades filantrópicas.
Foi aí que voltou para a área médica. Gerenciou o Instituto de Cardiologia e presidiu o Conselho de Administração do Grupo Hospitalar Conceição, ambos em Porto Alegre.
Da capital gaúcha rumou para Brasília, onde trabalhou entre 1999 e 2003 no Ministério da Saúde (governo FHC), na direção de Redes e Sistemas Assistenciais. Coordenou também a Comissão de Serviços de Saúde do Mercosul. Após breve intervalo na função pública, voltou a ocupar cargo federal de 2008 a 2016 (governos Lula e Dilma), como secretário nacional de Atenção à Saúde (no ministério respectivo). Em maio de 2016, virou secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Social e assumiu a cabeça da pasta em abril de 2018, por escolha do presidente Michel Temer.
Com a saída de Temer, Beltrame aceitou convite para ser secretário estadual da Saúde no Pará, em 2019. Foi nessa função que teve os bens bloqueados e vasculhados por ordem da Polícia Federal, após rumoroso processo de compra de respiradores sem licitação. É investigado por suspeita de fraude, que nega ter praticado.