A Associação de Funcionários do Banco Mundial (WBG Staff Association) enviou nesta quarta-feira (24) carta ao conselho de ética da instituição com críticas duras ao ex-ministro Abraham Weintraub e pedindo que sua nomeação a um cargo no banco seja reavaliada.
O documento solicita uma apuração sobre declarações de caráter racista dadas por Weintraub — inquérito enviado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à primeira instância —, que o ex-ministro seja notificado pelo banco e que sua nomeação como diretor executivo no conselho administrativo fique suspensa até o fim dessas investigações.
"Solicitamos formalmente ao conselho de ética que reveja os fatos por trás dessas múltiplas alegações, com intenção de (a) colocar sua indicação em espera até que essas alegações possam ser revisadas e (b) garantir que o Sr. Weintraub seja avisado de que o tipo de comportamento pelo qual ele é acusado é totalmente inaceitável nesta instituição."
Weintraub foi nomeado para a vaga de diretor executivo na cadeira do grupo do Brasil, mas ainda precisa ser eleito. O processo, porém, é um formalidade — já que o Brasil tem maioria — e pode levar até quatro semanas. Não há até agora indicação de resistência a seu nome por parte dos outros oito países com poder de voto — Colômbia, Equador, Haiti, Panamá, Suriname, República Dominicana, Filipinas e Trinidad & Tobago.
Depois de eleito, são iniciados os trâmites burocráticos para o início da função na sede do banco, em Washington, com mandato que vai até 31 de outubro e deve ser renovado no mês seguinte.
A carta da associação, também enviada a todos os funcionários do banco nesta quarta, cita as ameaças feitas por Weintraub a ministros da Suprema Corte do Brasil, além dos comentários racistas que o ex-ministro fez contra a China e minorias, como a população indígena brasileira.
"De acordo com múltiplas fontes, o senhor Weintraub publicou um tuíte de carga racial, ridicularizando o sotaque chinês e culpando a China pela covid-19, e acusando os chineses de 'dominação mundial'; levando a Suprema Corte a abrir uma investigação por crime de racismo."
Segundo a associação, "o Banco Mundial acaba de assumir uma posição moral clara para eliminar o racismo em nossa instituição" e, portanto, o comportamento do ex-ministro é inaceitável.
"Isso significa um compromisso de todos os funcionários e membros do conselho de expor o racismo onde quer que o vejamos. Confiamos que o conselho de ética compartilhe dessa visão e faremos tudo ao alcance para aplicá-lá."
Por fim, a carta indica ainda que, apesar do grupo do Brasil ter outros oito países, a escolha do nome de Weintraub "é do Brasil e somente do Brasil."
Weintraub colocou uma foto em suas redes sociais nesta terça-feira (23) em um dos principais pontos turísticos de Washington. Não há, porém, nenhum compromisso oficial para ele agendado via embaixada do Brasil nos Estados Unidos (EUA). O Banco Mundial, instituição com o qual ele ainda não tem vínculo, não informou se há reuniões marcadas para os próximos dias.