A juíza Magali de Oliveira, da vara judicial de Rio Pardo, homologou nesta sexta-feira (5) o nome do interventor do Hospital Regional do Vale do Rio Pardo. Trata-se do Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde (IAHCS). O nome foi indicado por um grupo formado por profissionais do governo do Estado e do Ministério Público. O IAHCS já administra outros hospitais no Estado.
A entidade substituirá a Associação Brasileira do Bem-Estar Social, Saúde e Inclusão (Abrassi), que teve os diretores afastados, alguns deles presos, durante a Operação Camilo, que apura desvio de R$ 15 milhões dos cofres públicos.
O IAHCS vai administrar o hospital pelo período de 180 dias, até que seja definido o novo gestor definitivo. Nesse período, terá de fazer um diagnóstico e apresentar plano operacional da instituição.
Prisões preventivas
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) transformou nesta sexta-feira 11 das 15 prisões temporárias da Operação Camilo em preventivas. Ou seja, ficarão na cadeia sem um prazo definido. Entre os investigados que seguirão presos estão o prefeito Rafael Barros, o procurador-geral do município, Milton Schmitt Coelho, e empresários de terceirizadas vinculadas ao hospital.
Quatro foram soltos. São eles:
Monaliza Monna Barbieri Gomes
Engenheira, ela foi presa no Rio de Janeiro. Segundo o apurado, ela era responsável pela obra de ampliação de leitos de UTI para tratamento de covid-19 na cidade de Rio Pardo. No entanto, não acompanhava a construção dos novos leitos.
Luciano da Silva
Empresário, foi preso em Portão. A investigação aponta que Luciano seria um dos laranjas do esquema.
João Batista Mello da Silva
PM da reserva. É sócio de uma empresa de portaria que presta serviços para o Hospital Regional de Rio Pardo. O outro dono da empresa, Mário Cardoso, foi alvo de mandado de busca e apreensão. Mário já foi secretário municipal de Canoas durante a gestão de Jairo Jorge e candidato a vice-prefeito em 2016. O ex-PM foi diretor operacional do gabinete na gestão de Jairo. Em 2015, matou um suspeito de assalto enquanto usava um carro emprestado.
Leomar Maurer
Atual Secretário da Saúde de Cacequi. Já ocupou cargos de direção do Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), uma espécie de administradora da Abrassi. Foi absolvido por transportar um time de futebol da empresa em um ônibus da prefeitura em outro processo.
Quem são os 11 presos na ação da PF que tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça Federal:
1 - Michel Becker. Preso em Florianópolis. Empresário, é um dos sócios de uma empresa de alimentação de Santa Catarina que prestava serviços para o Hospital Regional do Vale do Rio Pardo. A instituição era uma das administradas pela Abrassi em Rio Pardo.
2 - Juarez dos Santos Ramos. Ex-presidente do Instituto de Saúde e Educação Vida (Isev), uma espécie de administradora da Abrassi. O Isev foi responsável, entre outros, pela administração do Hospital de Taquara e de Dois Irmãos. Em ambos, foi o instituto foi alvo de denúncia do Ministério Público por desvios milionários.
3 - Milton Schmitt Coelho. Procurador-geral do município de Rio Pardo, antes trabalhou como advogado do prefeito de Rio Pardo, Rafael Reis Barros.
4 - Rafael Reis Barros. Prefeito de Rio Pardo. Além dos desvios de recursos, PF e MP dizem que ele ordenou falsa desinfecção de ruas da cidade contra o coronavírus. No lugar de desinfetante, ia somente água.
5 - Julio Cesar da Silva. Preso em Florianópolis. Empresário. Desde 2017 ocupa um cargo em comissão na Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. Sua construtora tem contratos com a Abrassi.
6 - Fabiano Pereira Voltz. Atual superintendente da Abrassi. Trabalhou por 10 anos como diretor do Instituto Saúde e Educação Vida. Aparece em documentos como administrador de outras empresas.
7 - Carlos Alberto Serba Varreira. Secretário-geral do partido Solidariedade no Estado. Ele é investigado por ter sido gestor da Associação Brasileira de Assistência Social, Saúde e Inclusão (Abrassi), principal alvo da operação.
8 - Renato Carlos Walter. Advogado, foi preso em Porto Alegre. É um dos sócios da Abrassi. Também tem participação em outras duas empresas investigadas por terem sido subcontratadas. (Tiers e GLP).
9 - Lucia Bueno Manieri. Foi vice-presidente da Associação São Bento. Investigação aponta que empresa é uma das laranja do Isev. Em Florianópolis, associação foi responsável por gestão de creches e, após denúncia, teve contrato rompido.
10 - Ricardo Roberson Riveiro. Atual presidente da Abrassi. É enfermeiro, e já foi presidente do Conselho Regional de Enfermagem e agora é investigado por comprar equipamentos vencidos para profissionais de saúde.
11 - Edemar João Tomazeli. Preso em São Paulo, aparece em documentos sócio de uma empresa de propaganda e marketing. No entanto, investigação aponta que ele é o fundador da Abrassi. Apuração aponta que ele abre as organizações sociais e as repassa terceiros. Com isso, ganharia uma comissão.