A Polícia Federal pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) mais 30 dias para finalizar inquérito que apura suposta interferência política do presidente Jair Bolsonaro na corporação. As investigações, conduzidas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), apuram informações dadas pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro, ex-responsável pela PF no governo federal.
O pedido de mais prazo foi feito pela chefe do Serviço de Inquéritos da Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal, Christiane Correa Machado. As razões para isso não foram divulgadas, já que o inquérito, criado no dia 27 de abril, está sob sigilo. O ministro Celso de Mello, relator do processo no STF, também pediu a manifestação do procurador-geral da República, Augusto Aras, sobre a solicitação da PF.
Em pronunciamento no qual pediu sua demissão, no dia 24 de abril, Moro afirmou que Bolsonaro interferiu na Polícia Federal ao demitir o então diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, e ao cobrar a troca no comando da PF no Rio de Janeiro. Diversas pessoas já prestaram depoimento, entre elas Moro, ministros-militares palacianos, delegados da PF e o empresário Paulo Marinho.
Dentro do inquérito, Celso de Mello autorizou a divulgação de vídeo de reunião ministerial ocorrida no dia 22 de abril. Segundo o ex-ministro da Justiça, as falas de Bolsonaro comprovam tal interferência. Bolsonaro afirmou: "Eu não vou esperar f... a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira".