O presidente Jair Bolsonaro afirmou na noite desta quinta-feira (28) que o procurador-geral da República, Augusto Aras, hoje responsável por investigações que atingem o chefe do Executivo, é um nome forte a ser indicado por ele para disputar uma possível terceira vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
— Se aparecer uma terceira vaga, espero que ninguém desapareça, mas o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga — afirmou Bolsonaro, que emendou sua live semanal com uma entrevista à Rádio Jovem Pan, também transmitida em suas redes sociais.
Os ministros Celso de Mello e Marco Aurélio terão aposentadoria compulsória durante o mandato de Bolsonaro e devem ser substituídos por nomes indicados pelo atual presidente - em novembro deste ano e em 2021, respectivamente. Uma terceira vaga surgiria no caso de reeleição ou de saída não programada de algum integrante da Corte hoje, por exemplo.
Bolsonaro descartou a indicação de Aras para uma das duas primeiras vagas, mas acenou para ele como uma possibilidade futura. Aras foi escolhido para a Procuradoria Geral da República (PGR) por Bolsonaro e tem adotado posicionamentos favoráveis ao presidente.
— O senhor Augusto Aras, nestas duas (primeiras) vagas, não está previsto o nome dele. Eu costumo dizer que tenho três nomes e não vou revelar quem eu namoro para indicar para o STF — declarou o presidente.
Bolsonaro reafirmou que um deles será evangélico:
— É um compromisso que tenho com a bancada evangélica. Alguns criticam dizendo que está confundindo aí com religião. Não tem nada a ver. Agora, uma pitada de religiosidade é muito bem-vinda. Tem pauta lá que faltou, no meu entender, um ministro defender à luz da sua crença. Por que não?
Bolsonaro citou, então, seu atual ministro da Justiça, André Mendonça, que é evangélico e já vinha sendo cotado.
Negociação da cargos
Na transmissão, o presidente também falou pela primeira vez da negociação de cargos que passou a fazer com o centrão, contrariando o toma lá, dá cá que condenou na campanha de 2018.
Bolsonaro disse que "a imprensa sempre reclamou de mim que eu não tinha diálogo, eu não conseguia atingir a governabilidade", e que, por isso, procurou o centrão, grupo conhecido por dar apoio ao presidente de ocasião em troca de cargos.
— Sim, alguns querem cargos. Não vou negar isso daí. Alguns, não são todos. Agora, em nenhum momento nós oferecemos ou eles pediram ministérios, estatais ou bancos oficiais — argumentou o presidente.
Bolsonaro admitiu ainda que as negociações envolvem as eleições de 2022.
— Nós trocamos algum cargo neste sentido, atendemos, sim, alguns partidos neste sentido, conversamos sobre eleições de 2022. Se eu estiver bem em 2022, há interesse de alguns parlamentares desses Estados em ter o seu respectivo candidato a governo, se eu poderia entrar neste acordo em alguns Estados do Brasil — disse ele.
O presidente justificou o acordo eleitoral afirmando que, em Estados da região Nordeste, o PT é forte e candidatos precisarão de sua ajuda.
— Há Estados que, nós sabemos aqui, eu não vou ter poder para eleger uma pessoa indicada por nós lá, e conversamos: "Olha, eu apoio neste Estado aqui, qual o perfil do seu governador? É este". Tudo bem. Se eu estiver bem, se eu vier candidato à reeleição, tudo bem — detalhou.
— Tem Estado do Nordeste, em especial, que o PT está forte. Você pega quase todos os Estados, o PT é muito forte e para derrotá-los você tem que somar todas as forças do outro lado. E, para mim, com todo respeito que eu tenho ao parlamento brasileiro, eu prefiro deputados destes outros partidos do que do PT — completou.
Ministros que se aposentam no governo Bolsonaro
Celso de Mello
Decano do Supremo, foi indicado por Sarney em 1989. Sua aposentadoria compulsória ocorre em 1° de novembro de 2020, quando completa 75 anos.
Marco Aurélio
Indicado por Collor em 1990, aposenta-se em 12 de julho de 2021, se mantidos os 75 anos como idade compulsória para aposentadoria no serviço público.