O advogado de Jair Bolsonaro Frederick Wassef afirmou que está "absolutamente tranquilo" em relação as acusações feitas pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro contra o presidente e definiu a repercussão do episódio como uma "tempestade em copo d'água".
O criminalista voltou a alegar que nenhum crime foi cometido durante a troca no comando da Polícia Federal.
— Estamos absolutamente tranquilos porque tais fatos não existem. Jamais o presidente interferiu na Polícia Federal, jamais investiu qualquer ingerência política. O que acontece é que temos um presidente da República que, no regular exercício de sua função, dentro de um ato administrativo, nomeia uma autoridade. O único ato que existe é absolutamente legal — ressaltou em entrevista ao programa Gaúcha+.
Wassef criticou Moro e afirmou ainda que a relação entre o ministro da Justiça e o diretor-geral da Polícia Federal deve ser "institucional, distante, equilibrada e imparcial", e que "não pode existir um cunho pessoal, emocional":
— Na verdade, o que causa estranheza é a exigência de "ou é este delegado ou eu não trabalho e fico fora do governo". E mais ainda da forma traumática como foi, expondo o Brasil internacionalmente e nacionalmente nessa crise, nesse escândalo, que eu chamo de tempestade em copo d'água, porque não houve nada. Temos um ministro que resolveu entrar em confronto com o presidente em função de um delegado de polícia.
Na segunda-feira (27), o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Celso de Mello, determinou a abertura de inquérito para investigar as declarações do ex-ministro a respeito do presidente. O inquérito foi aberto a partir de um pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, no dia 24 de abril.
Na última sexta-feira (24), quando deixou o governo, Moro afirmou que Bolsonaro tinha preocupação com inquéritos da Polícia Federal, e por isso pediu a troca do diretor-geral da corporação Maurício Valeixo. Ele também disse que não assinou a exoneração de Valeixo, que saiu no Diário Oficial da União naquele dia.
Adélio Bispo é "braço comunista" no Brasil, na opinião de Wassef
Na entrevista desta terça-feira, o criminalista também fez novas acusações contra o autor da facada em Jair Bolsonaro em 2018, Adélio Bispo. Assim como o presidente, Wassef questionou a atuação dos órgãos na apuração do caso:
— Existiu um atentado terrorista contra a vida do presidente da República. Uma organização criminosa cooptou um assassino profissional e encomendou uma missão para assassinar o presidente. Qual foi o empenho das autoridades, não vou dizer nome de instituição nem nome de autoridades e pessoas físicas, essa é uma reflexão para todos nós brasileiros. Qual foi o empenho que existiu na apuração de um crime grave, único e histórico no Brasil?
Para o criminalista, quem "encomendou a morte" de Bolsonaro "está feliz com a garantia da não punição".
— Adélio não é louco. É lúcido e muito bem treinado. É o braço comunista instalado no Brasil, que queria assassinar o presidente. Porque as forças nefastas comunistas que ainda se manifestam no Brasil insistem em impor seu modelo de governo — disse. — Quem mandou matar Jair Bolsonaro foram as forças comunistas desse país. Se investigarem a fundo, vão achar.
Em junho do ano passado, a 3ª Vara Federal de Juiz de Fora sentenciou Adelio Bispo e converteu a prisão preventiva em internação provisória por tempo indeterminado. Ele foi considerado inimputável — pessoa incapaz de discernir sobre seus atos.
Para o Ministério Público Federal, Adélio não é totalmente inimputável, mas o órgão decidiu não recorrer da decisão, que continua sendo questionada por Bolsonaro. Entretanto, em juízo, nem o presidente nem seu advogado recorreram do que definiu a Justiça.
Wassef também comparou o episódio ao assasinato da vereadora Marielle Franco, em 2018. Na ocasião, o motorista dela, Anderson Gomes, também foi morto.
— Vamos fazer um comparativo. O que é que a Marielle Franco tem que o presidente Jair Bolsonaro não tem? Será que o presidente tem que fazer apolagia ao crime e pregar que fumar maconha é uma coisa maravilhosa para ser amado e querido pelas forças gerais, pela mídia, por todos? Por que ela mora em uma comunidade? Então se a pessoa tem a pele escura, mora numa favela e faz apologia ao crime dizendo que se deve usar drogas, essa pessoa torna-se melhor que a outra? Ela é melhor só porque ele é o presidente da República?
O advogado negou estar "comparando vidas", mas que o emprenho na apuração dos casos não foi o mesmo.
— O que eu estou pleiteando é igualdade, ninguém pode ser mais do que ninguém, nem menos. O que estou pedido é que quero o mesmo direito, o mesmo empenho, a mesma força que foi dado ao caso Marielle, eu quero que seja dado ao caso da tentativa de assassinato de Bolsonaro.