O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse nesta terça-feira (28), em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, que o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, ainda não se comunicou com os secretários estaduais. Para Doria, a falta de diálogo com o ministro, diante da pandemia do coronavírus, não é "um bom indicador".
– Eu lamentei a perda e a saída do (Luiz Henrique) Mandetta do ministério. Não estou condenando Teich, mas ele precisa dialogar com os Estados. Não houve nenhum contato. Em meio a uma pandemia, não deixa de ser estranho que, passados 11 dias, ele não tenha feito nenhum contato. Não é um bom indicador.
Doria também criticou a postura de Jair Bolsonaro tanto no combate à pandemia quanto na condução dos assuntos da União. Entre outras coisas, o governador disse que as acusações feitas pelo agora ex-ministro da Justiça Sergio Moro ao deixar o cargo apontam claramente para crimes de responsabilidade por parte do presidente.
– Vejo crime de responsabilidade. Aliás, eu e todos os juristas, aqueles que regem a sua profissão pela Constituição brasileira.
Apesar da posição e de ser adversário político de Bolsonaro, Doria afirmou que este não é o momento para que se inicie um processo de impeachment.
– Sobre impeachment, essa é uma decisão do Congresso Nacional. Ao que parece, já tem uns 30 pedidos protocolados – disse. – Mas entendo que, neste momento, temos que esperar o final da epidemia. Não podemos introduzir um assunto deste. Por mais que eu veja a figura do presidente como alguém que cometeu crime de responsabilidade, eu vejo que é um debate que deve ficar para a pós pandemia. Não é engavetar, apenas protelar por uma razão humanitária e técnica. Precisamos colocar o nosso foco para salvar vidas. Vencida essa etapa, voltamos ao debate –completou.
Antes, Doria já havia criticado o presidente pela troca do ministro da Saúde:
– Ele (Bolsonaro) não segue a ciência. Ele desrespeita a ciência, a medicina. Desrespeitou seu ex-ministro Mandetta, que estava seguindo as orientações da OMS, que vinha se relacionando republicanamente com os secretários de saúde.
Dia das Mães: governador manterá comércio fechado
Atual epicento da covid-19 no Brasil, São Paulo não abrirá o comércio no Dia das Mães, conforme o governador. O Estado regista ao menos 1825 óbitos e 21 mil infectados pela doença. Doria explica que a quarentena seguirá até o dia 10 de maio "e ela será rigorosamente obedecida". No dia 8 de maio, o comitê de crise de SP deve apresentar a nova etapa do distanciamento social, com áreas de flexibilização, que entrará em vigor a partir do próximo dia 11.
– O que fizemos foi seguir a ciência, a medicina. Não a vontade política, ímpeto ideológico. Seguimos a ciência exatamente como fez o governador Eduardo Leite (do RS) e o prefeito Nelson Marchezan (de Porto Alegre). A pandemia não é um fato político, é um fator de saúde pública. E estamos respeitando aqueles que tem o domínio para a orientação correta da população.