Em entrevista à Rádio Gaúcha nesta sexta-feira (24), o ex-presidente da República e atual senador Fernando Collor de Mello (PROS-AL) opinou a respeito da demissão do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, anunciada durante a manhã e à qual se referiu como "a mais grave crise institucional" que já presenciou.
— As denúncias do ministro são muito graves, criam um enorme constrangimento, pra dizer o mínimo, e colocam o governo numa posição de obrigatoriamente ter que responder. É lamentável que tenhamos chegado a esse ponto num momento que a nossa união é fundamental para enfrentarmos um inimigo comum, que é o coronavírus — afirmou.
Afastado da Presidência em 1992 em um processo de impeachment, Collor considera graves as acusações de Moro, ao deixar o ministério, de que Bolsonaro tentou interferir politicamente na Polícia Federal por ter “preocupação com inquéritos" na instituição:
— O Executivo deve responder às gravíssimas denúncias do ex-ministro e justificar esse gesto de trocar o diretor-geral da Política Federal. Teve que tirar um ministro que abandonou 22 anos de carreira no Judiciário para se dedicar à tarefa que lhe foi prometida.
O parlamentar lembra que há 16 pedidos de impeachment nas mãos do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mas acredita que deve haver uma saída política da crise.
— Em toda crise institucional, a saída é pela política, através do diálogo e da articulação. Embora haja distanciamento entre os presidentes da Câmara e da República, tenho certeza de que o presidente da Câmara será o primeiro a se colocar à disposição para a abertura de um diálogo político para a saída dessa crise constitucional — disse Collor.
O clima no Congresso diante da crise, em sua percepção, é de oposição a Bolsonaro:
— Pelo que estou acompanhando de manifestações de deputados e senadores, é um apoio quase unânime a Moro, mesmo entre os integrantes bolsonaristas. Isso significa que todo o esforço do presidente em construir maioria, como fez na nos últimos dias, vai por água abaixo. Isso tem que ser recomeçado por quem tem autoridade, os presidentes da Câmara e do Senado, na minha opinião. Repito: esta é a mais grave crise institucional que eu já presenciei ao longo da minha existência.