BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ouviu gritos de apoio e também panelaço em novo passeio por Brasília, nesta Sexta-Feira Santa (10), em meio ao isolamento social em vigência no Distrito Federal devido à pandemia de coronavírus.
Em um dos momentos, Bolsonaro foi cercado por moradores e, antes de entrar no carro, ignorou orientações sanitárias e, sem demonstrar nenhuma preocupação com a crise do coronavírus, primeiro coçou o nariz com o dorso da mão direita e, segundos depois, passou a cumprimentar uma idosa e outros apoiadores.
Essa não foi a primeira vez que Bolsonaro ignorou a pandemia. No mês passado, por exemplo, em meio a um protesto pró-governo, ele participou dos atos, tocou simpatizantes e manuseou o celular de alguns apoiadores para fazer selfies. "Isso não tem preço", disse, à época, em suas redes sociais.
Em outra ocasião, fez um tour por diferentes pontos do comércio de Brasília, o que gerou aglomeração de pessoas no momento em que a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o próprio Ministério da Saúde recomendam isolamento social para evitar o contágio do novo coronavírus. Bolsonaro naquele dia falou com funcionários de supermercados e padarias e com vendedores autônomos.
Nesta sexta-feira, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada por volta das 9h15 e, acompanhado pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, foi ao HFA (Hospital das Forças Armadas) para uma visita ao corpo clínico da unidade.
Em seguida, o presidente foi a uma farmácia no Sudoeste, bairro de classe média alta de Brasília. Não foi possível identificar o produto comprado por Bolsonaro, que fez fotos com algumas pessoas e acenou para moradores dos apartamentos que ficam em cima do comércio.
Questionado pelos jornalistas o que havia ido fazer no HFA, respondeu ironicamente. Primeiro, disse que havia ido "tomar um sorvete". Depois, afirmou que foi ao hospital "fazer um teste de gravidez". Os repórteres também perguntaram se ainda iria a outro lugar. "Eu tenho direito constitucional de ir e vir. Ninguém vai tolher minha liberdade de ir e vir", retrucou.
Antes de retornar ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro passou por uma quadra residencial, também no Sudoeste. De acordo com vizinhos, no prédio visitado mora o estudante de direito Jair Renan, filho do presidente. Neste sábado, o rapaz completa 22 anos.
Ao saber da presença de Bolsonaro na quadra, vizinhos foram às janelas. Houve gritos de apoio, mas também panelaços. Houve manifestações antagônicas como "fica, Bolsonaro" e "vai para casa, Bolsonaro".
Um apoiador do presidente gritava para que uma manifestante contrária fosse para Cuba e Venezuela. Uma mulher com o filho pequeno aproximou-se de Bolsonaro e foi repreendida por um vizinho que, de sua janela, gritava "tira esta criança daí". Bolsonaro não respondeu quando foi indagado sobre as manifestações.
Mais tarde, o chefe do Executivo postou um vídeo nas redes sociais em que aparece saindo da farmácia, cercado por jornalistas. "Retornando do Hospital das Forças Armadas parei para comprar medicamento na Drogaria Rosário. Contrariando normas da Saúde os repórteres se aglomeraram", escreveu.
Ao longo desta semana, em meio à crise com seu ministro da Saúde, Henrique Mandetta, Bolsonaro fez alguns passeios por Brasília, contrariando as recomendações das autoridades de saúde para que se mantenha o isolamento social como medida de enfrentamento ao novo coronavírus.
Na terça-feira (7), saiu para jantar com um pastor. Na quinta (9), logo após o vazamento de uma conversa entre o ministro Onyx Lorenzoni (Cidadania) e o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) na qual criticam Mandetta, Bolsonaro deixou o Palácio do Planalto e foi a uma padaria na Asa Norte, área nobre de Brasília.
No domingo retrasado (29), Bolsonaro circulou pelo comércio de Brasília provocando aglomeração.