Com a iminência de sua demissão, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, voltou a falar sobre os conflitos que teve com o presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia do coronavírus.Na tarde desta quarta-feira (15), ele comandou mais uma entrevista coletiva para tratar dos dados da covid-19 no Brasil. Depois, conversou com a revista Veja por telefone sobre sua saída da pasta. Bolsonaro ainda procura por um substituto para o ministro.
Perguntado se há alguma possibilidade de continuar no cargo, Mandetta respondeu:
— São 60 dias nessa batalha. Isso cansa! Sessenta dias tendo de medir palavras. Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante.
Mandetta afirmou ainda que não sabe se a política de combate à pandemia irá mudar com a chegada de uma nova pessoa à pasta, mas disse que o vírus e a população irão se impor.
— O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o (Donald) Trump (presidente dos Estados Unidos), não vai negociar com nenhum governo.
O ministro afirmou ainda que seguirá trabalhando, mas que não sabe se seguirá na vida pública. Ele afirmou que não deve voltar para a carreira parlamentar, onde já atuou por oito anos e, segundo ele, "foi o suficiente”.
Mandetta também falou sobre uma possível tentativa de eleição para o governo de Mato Grosso do Sul ou de Goiás, como tem sido especulado:
— A eleição é só em 2022! Até lá tem muita coisa para acontecer. Agora, tenho de trabalhar, ganhar o pão. Meu caçula, o Paulo, está no último ano da faculdade de direito na USP, em São Paulo. O Pedro, que é médico, está na residência de cirurgia geral na Santa Casa de Campo Grande, e a Marina que é advogada e mãe do meu netinho.
O ministro também afirmou que irá ajudar seu sucessor no cargo, e que "ninguém vai torcer contra".
Em relação a experiência de gerir a pasta durante uma pandemia mundial, Mandetta afirmou que já passou “por desafios piores”, como quando foi para os Estados Unidos, deixando a mulher e dois filhos pequenos, para estudar.
Mesmo com os conflitos com o presidente, que devem culminar em sua demissão, Mandetta afirma que não se arrepende de ter entrado no governo:
— Não me arrependo de nada.