Em entrevista ao programa Timeline, da Rádio Gaúcha, nesta segunda-feira (20), o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto defendeu a manutenção das instituições chanceladas pela Constituição. Conforme o magistrado, os recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro ao Congresso o expõe a um processo de apuração de eventual crime de responsabilidade.
— O governante que se comporta dessa maneira, atentatória aos princípios, se expõe a um tipo de ação até judicial. O caso, por exemplo, dos crimes de responsabilidade, do impeachment — explicou.
No domingo (19), diante do quartel-general do Exército em Brasília, Bolsonaro discursou em cima da caçamba de uma caminhonete para manifestantes que participavam de uma carreata em defesa do governo, contra o Congresso e a favor de uma intervenção militar no Brasil.
De acordo com Britto, "a separação dos Poderes é cláusula pétrea da Constituição". E, enquanto presidente, é responsabilidade de Bolsonaro, "o compromisso de mantê-la e defendê-la antes de tudo".
— A Constituição governa quem governa (...). Ele não pode pregar contra a democracia, pedir a volta do governo militar. Isso é coisa do passado, superada. Não pode pedir o fechamento do STF. O valor dos valores da Constituição, de que tudo mais é conteúdo, inclusive a federação, é a democracia — enfatizou o ex-presidente do Supremo.