O presidente Jair Bolsonaro reforçou sua postura de querer comunicar tranquilidade à população ao final da semana que o Brasil ultrapassou os 900 infectados por coronavírus. Ele concedeu entrevista ao Programa do Ratinho, do SBT, na noite desta sexta-feira (20).
Para ele, a pandemia da covid-19 deve causar crise econômica e tristezas ao Brasil, mas considera que não irá se repetir o que aconteceu na Itália — onde já morreram mais de 4 mil pessoas. Bolsonaro questiona o diagnóstico dos óbitos atribuídos ao vírus.
— Paciente tinha um monte de coisas, até diabetes. Daí dizem que morreu de coronavírus. Eu não quero levar pânico ao povo. Eu quero tranquilizar. Vai passar. Você vai viver essa onda e ela vai passar por cima de você — comentou o presidente, depois de admitir que, se a própria mãe contraísse o vírus, provavelmente não sobreviveria:
— Vai morrer gente? Vai morrer. Se chegar o vírus em alguém com coisas a mais, vai pegar no contrapé e vai matar. Minha mãe tem 92 anos. Se chegar nela, tadinha, ela provavelmente não vai resistir.
Bolsonaro também questionou a postura de quem o acusa de ter sido irresponsável ao ter contato com manifestantes a favor de seu governo, no último dia 15. Ele diz que não convocou nem participou dos protestos, mas que mesmo tendo desestimulado as manifestações não resistiu ao ver os apoiadores em frente ao palácio e foi cumprimentá-los.
— Tinha feito teste para o coronavírus dois dias antes e deu negativo. Não contaminei ninguém — argumentou, completando: — Tenho que estar ao lado deles. Eles me ouvem mas eles são meus chefes. A intenção não foi desafiar ninguém. O ministro Mandetta tá fazendo um trabalho espetacular, não estou desautorizando ele.
O presidente também avaliou as medidas de calamidade pública tomadas por Estados e municípios. Governadores e prefeitos de vários Estados interromperam ou reduziram deslocamentos entre unidades federativas. Ele repetiu as críticas que já haviam sido colocadas na entrevista coletiva da tarde desta sexta-feira (20).
— Dizem que eu deveria pedir desculpas e alertar sobre os riscos. Eu não quero histeria, porque isso atrapalha. Tem autoridade fechando shopping, estrada, aeroporto. Inadmissível. Tem gente esperando um fígado de Fortaleza aqui em Brasilia, por exemplo, e não vai chegar porque o aeroporto tá fechado — declarou.
Perguntado sobre seu sentimento em relação a ser presidente do Brasil, Bolsonaro argumentou que a rotina é difícil, mas que seu relacionamento com a mídia e políticas de internacionais justificam que esteja no cargo.
— O que me consola é que, se não fosse eu aqui, não responda essa pergunta, quem estaria? Como seria essa entrevista aqui? Como seriam nossas relações com ditadura da Venezuela, Japão, Coréia do Sul, Israel, Estados Unidos? — refletiu com o entrevistador Ratinho.