O presidente Jair Bolsonaro criticou duramente o governador de São Paulo, João Dória, que anunciou neste sábado (21) uma quarentena, com o objetivo de conter o coronavírus, que envolve o fechamento de todos os serviços não essenciais a partir da próxima terça-feira (24), com validade de 15 dias. Bolsonaro fez críticas políticas e eleitorais a Dória.
— Para falar a verdade, é um lunático. Está fazendo política em cima do caso. Um governador que nega ter usado meu nome para se eleger. Está se aproveitando para crescer politicamente. O assunto tem de ser voltado exclusivamente para o coronavírus — declarou Bolsonaro, em entrevista concedida ao canal de TV CNN Brasil na noite deste sábado.
O presidente voltou a criticar medidas de governadores brasileiros, sobretudo Dória e Wilson Witzel, do Rio de Janeiro, que estão apostando na restrição de circulação de pessoas para conter a pandemia do coronavírus.
— Medidas que esse governador (Dória), como outros, como do Rio, da Bahia, do Piauí, extrapolam. É uma dose de remédio excessivo, se torna veneno — afirmou o presidente.
Ele criticou a tentativa de Witzel de suspender a chegada de voos nos aeroportos do Rio e disse que medidas que criem "clima de terror junto à população" podem levar à "depressão e baixa imunidade".
Sobre o impacto econômico do coronavírus, com várias atividades da indústria, do comércio e dos serviços paradas no Brasil, Bolsonaro disse que evitaria falar em números, mas citou opiniões de que o país poderá sofrer retração.
— No momento, minha grande preocupação é com a vida das pessoas e pelo desemprego gerado por esses governadores irresponsáveis — disparou.
Pressionado pelo avanço da pandemia e por algumas declarações públicas que geraram críticas, Bolsonaro voltou a comentar, após questionamento de jornalista da CNN, a afirmação de que a covid-19 seria uma "gripezinha".
— Gripezinha para a minha pessoa. E pode ter certeza: para mais de 60% dos brasileiros não será uma gripezinha, não será nada. Nem tomarão conhecimento, nem sentirão caso sejam infectados. Entendo que para os idosos e pessoas que tenham alguma doença, realmente, o vírus poderá ser bastante grave — avaliou o presidente.
Ele ainda se mostrou contrariado com a decisão judicial que determinou a apresentação dos resultados dos dois exames de coronavírus pelos quais passou.
— Eu pergunto: se fizessem o mesmo pedido para quem estivesse acometido de HIV, será que estariam deferindo um pedido desses? Ou para quem é acometido de câncer? Eu tenho tratamento especial. Algo que porventura aconteça comigo mexe na economia do Brasil. Isso não é bom para o país. Se eu estivesse acometido, eu iria divulgar, jamais mentiria para o povo brasileiro. É uma ingerência desproporcional na vida do ser humano — protestou.
Bolsonaro também declarou estar confiante em testes laboratoriais que estão avaliando, no Brasil e no Exterior, se determinados medicamentos podem ser eficientes no combate à pandemia da covid-19. Se for confirmada a eficácia de alguma substância, o presidente manifestou intenção de distribuir à população.