No dia em que começa um festa no Rio de Janeiro para dar início às comemorações dos 40 anos de fundação do PT, um dos principais nomes do partido, o ex-ministro e ex-governador Tarso Genro deu um longo depoimento ao portal UOL. No texto, publicado em primeira pessoa, o político revê sua relação com o partido e reflete sobre os caminhos que a legenda percorreu ao longo de suas quatro décadas de existência.
Sobre a festa do partido, Tarso foi contundente: "não pretendo participar". Na sequência, o petista explicou as razões que sustentam sua decisão.
"Não me sinto identificado, hoje, com o tipo de visão que o PT construiu de si mesmo ", escreveu ao portal.
Durante as quatro décadas e existência do partido, conforme Tarso, "houve uma série de modulações na sua linha política que bloquearam a sua renovação". De acordo com o ex-governador, a sigla se fechou para mudanças. Houve ainda, conforme o depoimento, composições e renúncias de ideais, por parte da cúpula do partido, que nunca ficaram esclarecidas. Mas a mudanças necessárias, aponta, não ocorreram.
"Nós temos um discurso e um programa ancorado na época em que o partido foi fundado e ainda agimos como se existisse uma classe trabalhadora nas fábricas que teria potencial hegemônico na sociedade", afirma, ao citar novas organizações de trabalho e tensão social resultantes de questões de gênero, cultura, preconceito racial e condição sexual.
Para o político, é preciso "aprender urgentemente como falar com este mundo novo". Além disso, "para compor uma frente de esquerda o PT precisa trabalhar com a possibilidade de não indicar o candidato em uma chapa na eleição presidencial".
O ex-governador também lembrou seu ingresso na militância política. Aos 15 anos, Tarso mudou a sua forma de ver o mundo. No marco do seu engajamento, com atuação pelo movimento estudantil, fez uma viagem para um congresso na Paraíba, onde, pela primeira vez, viu gente passando fome. Hoje, aos 72 anos, fez uma previsão sobre a forma do partido ver o mundo:
"Na minha opinião, verei a reestruturação do PT se viver até uns 90 anos".