A Polícia Federal concluiu que são falsas mensagens atribuídas ao general gaúcho Carlos Alberto Santos Cruz - ex-ministro da Secretaria de Governo - nos quais ele classifica Jair Bolsonaro de "imbecil". Além disso, teria ofendido dois filhos do presidente. Num suposto diálogo de WhatsApp, ele chama Carlos Bolsonaro de "desequilibrado" e Flávio Bolsonaro de "frouxo".
O diálogo foi mostrado ao presidente em 15 de maio de 2019. Na conversa com outro interlocutor, Santos Cruz teria se queixado do presidente, que insistia em saber sobre um vídeo com críticas ao governo.
"Eu disse na cara dele que isso era coisa do desequilibrado do filho dele e do frouxo do Fábio".
O suposto interlocutor então ofende Bolsonaro:
"Ele é covarde, terceiriza ataque. Idiota".
Santos Cruz, no suposto diálogo, concorda.
"Sim. É um imbecil, não fala na cara".
Santos Cruz foi chamado a se explicar e negou a autoria do diálogo. Em conversa com GaúchaZH, na época, mostrou cópia dos diálogos e disse ser impossível que tivessem sido travados, já que estava num avião sem internet na hora em que a suposta conversa ocorreu.
— O vagabundo que fabricou o diálogo falso, onde eu seria um dos interlocutores, falando do presidente, familiares, Fábio (Wajngarten, secretário de Comunicação) e do vice-presidente, cometeu um crime absurdamente mal feito. O print da tela revela que o "diálogo" foi no dia 6 de maio, dentro do horário em que eu estava voando de Brasília para São Gabriel da Cachoeira-AM. Naquele dia, decolamos de Brasília pouco depois das 6h e chegamos lá por volta das 10h — relatou Santos Cruz à reportagem.
A explicação não convenceu Bolsonaro. Santos Cruz, até então um dos mais poderosos ministros do governo, caiu em desgraça. Foi demitido um mês depois.
Agora a PF dá razão ao general, conforme noticia o jornal Folha de São Paulo. Fonte próxima a Santos Cruz confirma a GaúchaZH que a investigação policial, feita em Brasília, concluiu que os diálogos são mesmo falsos. Rastreamento da antena do telefone móvel comprova que, por estar em voo, Santos Cruz não poderia ter travado o diálogo no horário registrado na tela do celular.
A PF não descobriu ainda quem fez a fraude e será bem difícil, como tudo que se relaciona a WhatsApp. O foco é nos adversários do general, que eram muitos. Na época dos supostos diálogos ele tinha vetado verbas publicitárias sugeridas por Carlos, um dos filhos de Bolsonaro. E travava publicamente uma batalha com o guru do bolsonarismo, o pensador Olavo de Carvalho, que chamou Santos Cruz de "bosta engomada". Contrariamente ao pensamento dos militares no governo, Olavo defendia que o Brasil liderasse uma ofensiva anticomunista na política relativa à Venezuela, alinhamento ideológico aos EUA e a Israel, repúdio à China e corte nas verbas para o que chamam de nichos esquerdistas, como as universidades. Ideias que ganharam força com a saída de Santos Cruz.
GaúchaZH tentou contato com o general, mas ele ainda não deu retorno.