Após a repercussão sobre a possibilidade de recriação do Ministério da Segurança Pública, admitida novamente por Jair Bolsonaro na manhã desta quinta-feira (23), o presidente resolveu colocar panos quentes no assunto. Mais tarde, ele retuitou mensagem do general Augusto Heleno na qual o auxiliar tenta desviar a polêmica: “Em nenhum momento, o Presidente disse apoiar tal iniciativa. Apenas, educadamente, disse que enviaria a seus ministros, para estudo, entre eles o Ministro Sergio Moro”, escreveu o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
O resgate da pasta representaria perda para Moro, que ficaria responsável apenas pela estrutura da Justiça de seu ministério. A nova pasta poderia abrigar a Polícia Federal (PF) e tirar do ex-juiz uma das suas principais bandeiras, o combate ao crime organizado e à corrupção. Além disso, Moro tem comemorado a queda nas taxas de homicídios, tendência iniciada ainda na gestão de Michel Temer. A interlocutores, Moro disse que pode deixar a Esplanada caso o presidente leve o desmembramento adiante.
Comandante
Em resposta à polêmica, o general Heleno publicou série de mensagens que foram chanceladas por Bolsonaro, que nesta quinta repassou o comando do país ao vice Hamilton Mourão e partiu em viagem à Índia.
“A proposta de recriar o Ministério da Segurança não é do Presidente, e sim da maioria dos Secretários de Segurança, que estiveram em Brasília; nesse 22 de janeiro. Em nenhum momento, o Presidente disse apoiar tal iniciativa”, escreveu. “O que alguns não entendem é que o Presidente é o CAPITAO DO TIME, ele escalou seus 22 ministros. As decisões são tomadas, ouvindo os ministros, mas cabe a ele, como Comandante, dar a palavra final, mesmo que isso contrarie alguns dos seus assessores ou eleitores”, completou.
Uma reportagem da Folha de S.Paulo tem outra versão para a reunião. Segundo o jornal, a recriação do ministério não estaria na pauta do encontro do Conselho Nacional de Segurança Pública e teria sido incluída pelo Planalto. Na reunião, que foi transmitida, Bolsonaro admitiu a possibilidade de retorno da pasta.
— Uma proposta também que trouxeram aqui que seria a possibilidade de recriação do Ministério da Segurança. Talvez, pelo anseio popular de ter dificuldade nessa área, (e de a segurança) ser talvez o ponto mais sensível em cada Estado, essa possível recriação poderia melhor gerir a questão da Segurança — disse ele, completando:
— Estudaremos essas questões aqui e daremos uma resposta o mais rápido possível.
Contradição
Nesta quinta, o presidente foi questionado sobre o assunto deixar o Palácio da Alvorada pela manhã, antes de embarcar.
— Se for criado (o Ministério da Segurança), aí ele (Moro) fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir com o Ministério da Segurança – disse, ressaltando:
— É comum receber demanda da sociedade. E ontem (quarta-feira) eles pediram para mim a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança. Isso é estudado. Estudado com o Moro. Lógico que o Moro deve ser contra, mas (está) estudado com os demais ministros.
Em 2018, porém, Bolsonaro e Moro haviam anunciado que a pasta do ex-juiz reuniria Justiça e Segurança Pública.
— A questão da Segurança ir para a Justiça, já tínhamos decidido — afirmou Bolsonaro, em novembro de 2018.