A Polícia Federal (PF) concluiu, nesta quarta-feira (18), o relatório do inquérito que investigou a invasão das contas de Telegram do ministro da Justiça e Segurança, Sergio Moro, de procuradores da Lava-Jato, como Deltan Dallagnol, e de outras autoridades. De acordo com a PF, seis pessoas foram indiciadas sob suspeita de terem cometido os crimes de integrar organização criminosa, invadir dispositivo informático alheio e interceptar comunicação telemática ilegal.
Os suspeitos são Walter Delgatti Neto, apontado como o cabeça das invasões, Thiago Eliezer Martins Santos, especialista em informática que morava em Brasília, Luiz Molição, amigo de faculdade de Delgatti em Ribeirão Preto (SP), Gustavo Henrique Elias Santos, ex-DJ de Araraquara (SP), a mulher dele, Suelen Oliveira, e Danilo Marques, aprendiz de eletricista e amigo de Delgatti.
Desses, somente Suelen e Molição, que haviam sido presos em julho e em setembro, respectivamente, já foram soltos. Suelen conseguiu um habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1). Molição assinou acordo de delação premiada com a PF e pôde esperar o processo em liberdade. A delação foi homologada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal em Brasília, no início deste mês. Os outros quatro estão presos preventivamente na Superintendência da Polícia Federal e na Papuda.
O relatório do inquérito, que levou quase seis meses, foi enviado à Justiça Federal e está em sigilo. Segundo a PF, uma nova investigação será aberta para apurar o possível cometimento do crime de obstrução de investigações envolvendo organizações criminosas. Procurados, os advogados dos suspeitos informaram na tarde desta quinta-feira (19) que estão analisando ou ainda não tiveram acesso ao relatório policial.
As mensagens de Telegram obtidas com o hackeamento foram repassadas ao site The Intercept Brasil e geraram uma série de reportagens, inclusive em parceria com outros veículos. As mensagens puseram a Lava-Jato sob escrutínio por indicarem uma possível colaboração entre o então juiz Sergio Moro e procuradores de Curitiba.