Esclarecimento: não existem procedimentos investigatórios no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e no Ministério Público Federal (MPF) em nome de Januário Paludo, de acordo com as certidões 2544860, de 12 de março de 2020, do STJ, e 94/2020, de 16 de março de 2020, do MPF. Veja em anexo.
Em mensagens trocadas com a namorada, Myra Athayde, o doleiro Dario Messer afirmou que pagou propina ao procurador Januário Paludo, integrante da força-tarefa da Lava-Jato no Paraná. As conversas, que foram obtidas pela Polícia Federal (PF), ocorreram em agosto de 2018, durante a última fase da investigação no Rio de Janeiro. As informações são do portal UOL.
Na conversa, Messer, preso em julho deste ano por acusações de lavagem de dinheiro, afirma que os pagamentos estariam ligados a uma suposta proteção ao "doleiro dos doleiros", como era conhecido a respeito de suas atividades ilegais.
O doleiro fala sobre o andamento dos processos que responde, dizendo que uma das testemunhas de acusação contra ele teria uma reunião com Paludo. Logo após, ele afirma à namorada: "Sendo que esse Paludo é destinatário de pelo menos parte da propina paga pelos meninos todo mês".
De acordo com a PF, os "meninos" citados por Messer são Claudio Fernando Barbosa de Souza, o Tony, e Vinicius Claret Vieira Barreto, o Juca. Ambos trabalharam com Messer em operações de lavagem de dinheiro investigadas pela Lava-Jato do Rio. Após serem presos, viraram delatores.
Em depoimentos prestados em 2018 à Lava-Jato no Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ), Juca e Tony afirmaram ter pago US$ 50 mil (cerca de R$ 200 mil) por mês ao advogado Antonio Figueiredo Basto, em troca de proteção a Messer na PF e no Ministério Público. Basto inclusive já advogou para o doleiro.
Após as delações, a força-tarefa da Lava-Jato do Rio abriu uma investigação sobre o caso. O advogado Antonio Figueiredo Basto foi chamado a depor, e negou a versão de Juca e Tony. Messer foi chamado a depor no dia 8 de outubro. Durante o processo, ficou em silêncio.
Paludo é um dos procuradores mais antigos da Lava-Jato. Integra a força-tarefa de combate à corrupção desde sua criação, no ano de 2014.
Contraponto
A força-tarefa da Lava-Jato do Paraná, da qual Paludo faz parte, declarou que "essas ilações já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, os fatos apontam para suposta exploração de prestígio por parte de advogado do investigado [Figueiredo Basto]".
A equipe ainda publicou um posicionamento em resposta à reportagem. Veja a íntegra:
Em relação à matéria do UOL divulgada nesta madrugada, os procuradores da força-tarefa da Lava Jato informam que:
1. A ação penal que tramitou contra Dario Messer em Curitiba foi de responsabilidade de outro procurador que atua na procuradoria da República no Paraná, o qual trabalhou no caso com completa independência. Nem o procurador Januário Paludo nem a força-tarefa atuaram nesse processo.
2. O doleiro Dario Messer é alvo alvo de investigação na Lava Jato do Rio de Janeiro, razão pela qual não faz sequer sentido a suposição de que um procurador da força-tarefa do Paraná poderia oferecer qualquer tipo de proteção.
3. As ilações mencionadas pela reportagem de supostas propinas pagas a PF e ao MP já foram alvo de matérias publicadas na imprensa no passado e, pelo que foi divulgado, há investigação sobre possível exploração de prestígio por parte de advogado do investigado, fato que acontece quando o nome de uma autoridade é utilizado sem o seu conhecimento.
4. Em todos os acordos de colaboração premiada feitos pela força-tarefa, sem exceção, os colaboradores têm a obrigação de revelar todos os fatos criminosos, sob pena de rescisão do acordo.
5. Os procuradores da força-tarefa reiteram a plena confiança no trabalho do procurador Januário Paludo, pessoa com extenso rol de serviços prestados à sociedade e respeitada no Ministério Público pela seriedade, profissionalismo e experiência.