Em resposta à reportagem publicada em Zero Hora e GaúchaZH no fim de semana – que mostra como e por que um dos principais ministros do governo Jair Bolsonaro decidiu mudar o seu discurso, contrariando o seu próprio passado político –, Osmar Terra enviou à Redação e-mail contestando o conteúdo.
À frente da pasta da Cidadania, Terra diz que não há contradição na sua trajetória de vida, que começou na militância comunista, passando pela política moderada do MDB e hoje se consolidando na direita, com adesão a Bolsonaro.
A seguir, a resposta de Terra ao conteúdo publicado em GZH no dia 25 e nas páginas 10 e 11 da edição conjunta de ZH dos dias 26 e 27.
"Fui surpreendido por uma reportagem de duas páginas na Zero Hora que tenta montar aquilo que seria a minha ‘trajetória’ até ingressar no governo Bolsonaro. Como sequer recebi uma ligação do jornal, solicito o direito de me manifestar através deste texto. A reportagem teve a nítida intenção de me desmoralizar como político.
O preocupante é que se trata de uma versão mal contada, com informações errôneas, relatando fatos que não ocorreram e se baseia em fontes que pouco sabem da minha história. No começo, estranhei não ter sido sequer ouvido. Depois, ficou claro que não interessava ao repórter, nem ao jornal, confirmar ou aprofundar nada. É uma narrativa insistente para me pintar como um político oportunista, arrivista, com sede de cargos e que muda de posição para alcançar seus objetivos. Essa é a essência da matéria: me desmoralizar politicamente.
Que oportunista e arrivista teria uma história tão longa de desprendimento e de esforço para tantas realizações em políticas públicas? O próprio jornal cita a minha luta em defesa da Primeira Infância e a minha posição contra às drogas como parte deste enredo. São lutas de décadas, embaladas por convicções e não por oportunismo ou radicalização ideológica como tenta o jornal creditar. Essa é a primeira contradição da matéria. Sou um servidor público, no sexto mandato de deputado federal, duas vezes secretário estadual e duas vezes ministro. Nunca, mas nunca, me envolvi em nenhum escândalo de corrupção, porque entendo que a política é o instrumento mais poderoso para mudar o mundo e nunca deve ser usada para enriquecimento pessoal.
Os convites que recebi sempre partiram de quem convidava, sem qualquer lobby maior de minha parte. E sempre justificado na minha conduta e no que realizei na vida política. Assim foi também o surpreendente convite que recebi do Presidente Jair Bolsonaro, através do atual ministro Onyx Lorenzoni. O que considerei, pela forma com que foi feito, a maior das homenagens que recebi.
O próprio presidente revelou que me fez o convite exclusivamente pela minha biografia. E seria muito fácil conferir isso. Era só ter perguntado para quem convidou!
Mas vamos ao ponto que precisa ser esclarecido e que gostaria de ter sido, no mínimo, ouvido: a aparente contradição entre ter sido de esquerda na juventude e agora trabalhar no governo Bolsonaro. Afinal, esse é o cerne da matéria feita sob a justificativa de dar “transparência”. Se esse era o objetivo, qual o problema então de o jornal me perguntar o que me fez dar essa guinada política? Quero dizer que deixei a militância de esquerda há mais de 40 anos porque fui, com o passar dos anos, aprendendo com a vida que as pessoas de boa-fé, que querem honestamente melhorar o mundo, podem ser vítimas de ideias erradas e da manipulação de líderes inescrupulosos.
No Brasil, a esquerda, para se eleger, prometia um ‘Brasil decente’ e desenvolvido. Na prática, sistematizou a corrupção e enterrou o crescimento do país. Hoje, os ideais de seriedade na política e de desenvolvimento com inclusão social, estão com o outro lado do espectro político, estão com as propostas eleitas com o Presidente Bolsonaro. E tenho muito orgulho de fazer parte do governo. Não há contradição, mas sim convicção de que essas propostas hoje são as melhores para o país.
Osmar Terra, ministro da Cidadania