Depois do Cpers-Sindicato, que representa os professores do Estado, foi a vez de mais uma entidade de servidores públicos disparar contra as propostas do Palácio Piratini de mudanças nos planos de carreiras das categorias.
A direção da Federação Sindical dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs) deixou a reunião com o governador Eduardo Leite (PSDB), no fim da tarde desta quarta-feira (9), com duras críticas aos projetos.
As duas primeiras frases do presidente da entidade, Sérgio Arnoud, aos jornalistas que aguardavam o término da reunião, nos corredores do Centro Administrativo Fernando Ferrari, em Porto Alegre, dão o tom da resistência que será enfrentada pelo governo.
— A impressão, pra nós, é terrível. Isso aponta para a extinção do serviço público — disse Arnoud, após uma hora e meia a portas fechadas com Leite e secretários.
O dirigente sindical admite que a entidade precisará de mais tempo para analisar as propostas e dar um retorno ao governo, mas, pela apresentação, adianta que a oposição será forte.
— Da forma como foi colocado, o serviço público, que já é precário, vai ficar muito mais precário ainda — ressaltou Arnoud, ao destacar que “os salários já estão congelados e que as gratificações serão transformadas numa espécie de abono, que todo mundo sabe que é destinada a desaparecer”.
Para o presidente da Fessergs, existe uma contradição por parte do governo, na medida em que afirma que a economia com as mudanças será de R$ 25 bilhões em dez anos, mas que as isenções fiscais são de “R$ 9 bilhões em um ano”.
Outra forte crítica é quanto ao aumento das alíquotas da Previdência. Em relação à possibilidade de greve, disse que ainda é prematuro falar sobre o assunto, e que as propostas serão melhor analisadas.
Ao término da reunião, o governador Eduardo Leite respondeu às críticas do presidente da Fessergs. O tucano disse que boa parte do que está sendo proposto já foi feito pelo governo federal na década de 1990.
— Quando a gente fala da extinção das vantagens temporais, por exemplo. O servidor deve se perguntar: quem ganha mais hoje? Um servidor do governo federal ou um servidor do governo do Estado? — questionou Leite, reforçando que os melhores salários são pagos pela União.
O governador disse, ainda, que a estrutura atual das carreiras, com os benefícios e vantagens existentes, “foram limitadores da capacidade do Estado de dar, sequer, as reposições inflacionárias”. Admitiu que a expectativa do governo era de resistência por parte dos servidores.
— Nem mesmo eu, como governador, fico feliz com esses encaminhamentos. São necessidades que se impõem — destacou o governador, ao dizer que vai receber as sugestões das categorias, fazer eventuais ajustes e encaminhar as propostas ainda neste mês à Assembleia Legislativa.
Próximas reuniões
A rodada de reuniões para apresentar aos servidores as propostas de mudanças nas carreiras segue nesta quinta-feira (10). Às 10h30min, o governador recebe os sindicatos que representam servidores da Brigada Militar. Às 16h30min, será a vez das entidades ligadas à Polícia Civil. E para fechar a quinta, às 18h, Eduardo Leite senta com os agentes penitenciários.