No centro de uma disputa interna do PSL pela liderança da Câmara dos Deputados, Delegado Waldir apareceu em um áudio, vazado pelo parlamentar Daniel Silveira (PSL-RJ), no qual prometeu "implodir" o presidente. Em entrevista ao portal G1, entretanto, Waldir declarou, quando perguntado o que teria em mãos, que não tem "nada" contra Bolsonaro.
— Nada. É só questão de... É uma fala de emoção, né? Um momento de sentimento. É uma fala num momento de emoção, né? É uma fala quando você percebe a ingratidão. Tenho que buscar as palavras. Tenho que buscar as palavras — afirmou, segundo o G1.
Waldir, que foi alvo de uma intervenção direta de Bolsonaro para ser alijado da liderança do partido em favor do filho dele, Eduardo, declarou também que se sentia como "mulher traída".
— Nós somos Bolsonaro. Nós somos que nem mulher traída. Apanha, não é? Mas mesmo assim ela volta ao aconchego — afirmou.
No áudio vazado, Waldir mostrou indignação com Bolsonaro e chamou o presidente de "vagabundo".
— Vou fazer o seguinte, vou implodir o presidente. Aí, mostro a gravação dele, tenho a gravação. Não tem conversa, eu implodo o presidente, cabô, cara. Eu sou o cara mais fiel a esse vagabundo, cara. Eu votei nessa porra, eu andei no sol 246 cidades, no sol gritando o nome desse vagabundo — afirmou.
O deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) admitiu aos jornais Estado de S. Paulo e O Globo que foi o responsável pela gravação do áudio. Silveira disse que se "infiltrou" em uma reunião de deputados do PSL realizada na quarta-feira (16) e que o objetivo de gravar o encontro foi "blindar" o presidente na disputa interna que foi deflagrada no PSL entre Bolsonaro e Luciano Bivar.
— Era uma estratégia pensada. Eu, Carlos Jordy (PSL-RJ), Eduardo Bolsonaro, (PSL-SP), Carla Zambelli (PSL-SP), Bia Kicis (PSL-DF). Todo o grupo do Jair para gente poder blindar o presidente — disse Silveira ao jornal O Estado de S. Paulo.
Silveira afirmou que mostrou a gravação a Bolsonaro e ele ficou "p... da vida".
A disputa entre Bolsonaro e Bivar teve consequências na Câmara dos Deputados nos últimos dias. Em uma derrota para a ala bolsonarista do PSL, a Secretaria-Geral da Mesa da Câmara dos Deputados decidiu nesta quinta-feira (17) que o Delegado Waldir continua líder do partido na Casa.
Em outro capítulo da crise do PSL, Bivar destituiu Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) das presidências da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida do comando do PSL do Distrito Federal. Em retaliação, o governo destituiu a deputada Joice Hasselmann (SP) da liderança no Congresso.