A Polícia Federal encontrou e apreendeu, durante a 63ª fase da operação Lava-Jato, chaves de acesso ao suposto sistema de pagamentos de propina da Odebrecht que estavam com o ex-diretor jurídico da empresa, Maurício Ferro, genro de Emílio Odebrecht. Ele foi o único ex-executivo da multinacional que não fechou acordo de colaboração premiada com a PF e com o Ministério Público Federal (MPF) no âmbito da força-tarefa. A informação foi dada durante coletiva de imprensa concedida pela Polícia Federal na manhã desta quarta-feira (21).
Os delegados responsáveis pela operação explicaram que, conforme depoimento de ex-executivos que fizeram delação, Ferro seria o responsável por guardar as chaves de acesso ao software, chamado Drousys, protegido por criptografia. Com a posse desses tokens, a Polícia Federal espera ter acesso a mais elementos e encontrar dados mais recentes em relação à distribuição de propina entre políticos. O software seria usado no controle de pagamentos de propina do Setor de Operações Estruturadas, o "departamento de propina" da empreiteira.
Ferro e Nilton Serson, também ex-executivo da Odebrecht, foram alvos de mandados de prisão, mas apenas o primeiro foi preso em São Paulo. Serson está nos Estados Unidos e não foi detido. Para pedir a prisão dos dois, a Polícia Federal, com o apoio do MPF, sustentou à Justiça que os mandados poderiam esclarecer suspeitas de pagamentos aos ex-ministros das gestões petistas Antonio Palocci e Guido Mantega, identificados nas planilhas da Odebrecht como Italiano e Pós-Italia.
A operação desta quarta-feira foi batizada de Carbonara Chimica, uma referência aos apelidos dos ex-ministros e ao ramo de atuação da Braskem, empresa do grupo Odebrecht que teria envolvimento no esquema.
Os repasses feitos pela Odebrecht e pela Braskem a esses ex-ministros, de acordo com a suspeita da polícia, estariam relacionados a edições de medidas provisórias que autorizariam o refinanciamento de dívidas com impostos. As MPs beneficiariam diretamente as empresas.
A Polícia Federal também cumpriu mandado de busca em locais ligados ao ex-presidente da Braskem, Bernardo Gradin, na Bahia e em São Paulo.