Ao comentar pela primeira vez o caso da morte de um líder da etnia waiãpi no Amapá, o presidente Jair Bolsonaro disse que "não tem nenhum indício forte" de que ele tenha sido assassinado.
— Não tem nenhum indício forte que esse índio foi assassinado lá. Chegaram várias possibilidades, a PF está lá, quem nós pudermos mandar nós já mandamos. Buscarei desvendar o caso e mostrar a verdade sobre isso aí — afirmou o presidente, ao deixar o Palácio da Alvorada na manhã desta segunda-feira (29).
Indígenas da etnia waiãpi denunciaram o assassinato de um líder em meio a uma invasão de garimpeiros, no oeste do Amapá. A Fundação Nacional do Índio (Funai) já está na região, e a Polícia Federal (PF) enviou uma equipe para o local.
De acordo com a denúncia à PF, feita com o apoio do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o assassinato de Emyra Waiãpi ocorreu na última quarta-feira (24), durante um ataque à aldeia Mariry. A Folha de S.Paulo confirmou essas informações com pessoas da região.
Bolsonaro voltou a dizer que sua intenção é regulamentar o garimpo e autorizar a exploração de mineradoras dentro de território indígena.
— É intenção minha regulamentar garimpo, legalizar o garimpo. Inclusive para índio, que tem que ter o direito de explorar o garimpo na sua propriedade. Terra indígena é como se fosse propriedade dele. Lógico, ONGs de outros países não querem, querem que o índio continue preso num zoológico animal, como se fosse um ser humano pré-histórico — afirmou.
Na visão do presidente, as demarcações indígenas estão "inviabilizando o negócio" no Brasil.
— Está inviabilizando nosso negócio. O Brasil vive de commodities, daqui a pouco o homem do campo vai perder a paciência e vai cuidar da vida dele. Vai vender a terra, aplicar aqui ou lá fora, e cuidar da vida dele. A gente vai viver do quê? O que nós temos aqui além de commodities? Será que o pessoal não acorda para isso? Se esse negócio quebrar, todo mundo vai para o barro, acabou o Brasil — disse.