O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que não vai se afastar do cargo e disse que o país está diante de um "crime" em andamento, ao comentar sobre o vazamento de suas conversas com o procurador que coordena a força-tarefa da Lava-Jato, Deltan Dallagnol. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (14), Moro declarou estar tranquilo em relação à natureza de suas comunicações.
De acordo com o ex-juiz da Lava-Jato, ele utilizava eventualmente aplicativos de mensagem para tratar a investigação "de maneira dinâmica maior", com o intuito de acelerar a comunicação com advogados e procuradores, visto que sazonalmente "surgia a necessidade de coisas muito urgentes". Na interpretação de Moro, a prática não contamina a operação e é natural a troca de informação, "dentro da licitude".
— Isso do juiz receber procuradores, delegados, conversar com delegado, juiz receber advogados, receber demanda de advogados, acontece o tempo todo — disse o ministro aos repórteres Fausto Macedo e Ricardo Brandt.
Destacando ser vítima de ataque de hackers, Moro disse acreditar que a ação "não foi tarefa de um adolescente com espinhas na frente do computador, mas de um grupo criminoso organizado". Para ele, a divulgação das mensagens carrega um viés político-partidário e sensacionalista.
— Sempre pautei o meu trabalho pela legalidade. Os meus diálogos e as minhas conversas com os procuradores, com advogados, com policiais, sempre caminharam no âmbito da licitude — finalizou o ministro ao falar sobre o temor de novas publicações.
Na próxima semana, Moro falará à Comissão de Constituição e Justiça do Senado sobre os vazamentos de conversas. Sem convite ou convocação formal dos senadores, o próprio ministro se colocou à disposição dos parlamentares por meio de ofício apresentado pelo líder do governo, senador Fernando Bezerra (MDB-PE).