O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, conversaram reservadamente nesta quinta-feira (13) sobre as mensagens divulgadas pelo site Intercept Brasil em que o ex-juiz e o procurador Deltan Dallagnol discutem ações da Lava-Jato.
Segundo a assessoria do ministério, Moro tratou do episódio das conversas com Deltan e repetiu a Toffoli o que tem dito publicamente: ele e os integrantes da força-tarefa foram vítimas de um ataque criminoso.
O ministro e o presidente do STF conversaram após participarem de um evento na sede da pasta no começo da tarde.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação do Supremo informou que não é prática de Toffoli comentar conversas com autoridades.
A conversa entre Moro e Toffoli ocorre no momento em que cresce a pressão de uma ala do Supremo para que a Corte se posicione sobre o vazamento dos diálogos entre Moro e Deltan.
Na terça (11), o ministro do STF Gilmar Mendes anunciou que a Segunda Turma da corte, formada por ele e outros quatro ministros, deve julgar no próximo dia 25 um habeas corpus em que a defesa do ex-presidente Lula pede que seja declarada a suspeição de Moro no julgamento do caso do triplex de Guarujá.
Moro está sob pressão desde que os diálogos foram revelados pelo site The Intercept Brasil.
Segundo reportagens do site, o hoje ministro de Jair Bolsonaro e o chefe da força-tarefa da Lava-Jato discutiam colaborações de processos em andamento e comentavam pedidos feitos à Justiça pelo Ministério Público Federal.
Na manhã desta quinta (13), Moro e Toffoli participaram do lançamento de um pacto pela prevenção e o combate da violência contra crianças e adolescentes. A rápida conversa entre os dois ocorreu após a cerimônia.
Em seu discurso no evento, Moro afirmou que não atua, à frente da pasta, para promover o que chamou de "justiça vingativa".
— Quando eu fui convidado pelo Jair Bolsonaro para assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública, houve uma convergência absoluta no que se refere às minhas intenções e às dele, de que o objetivo seria sermos firmes contra crime organizado, corrupção e a criminalidade violenta — declarou o ministro.
— Para deixar tudo muito claro: tanto a minha visão quanto a do presidente não é fazer isso por uma espécie de justiça vingativa, embora fazer justiça seja importante. Não, evidentemente, vingança. Mas se faz isso principalmente porque o objetivo é proteger as pessoas e melhorar a qualidade de vida das pessoas — concluiu.