A crise financeira do Rio Grande do Sul, justificativa para a falta de investimentos públicos em infraestrutura e para o atraso no pagamento de salários do funcionalismo, não pode ser a pauta principal do governo, conforme avalia o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Gilberto Petry. Para ele, que está no Chile participando de missão de investimentos ao lado do governador Eduardo Leite, repetir frequentemente o discurso de que o Estado está quebrado atrapalha a atração de investimentos.
— Acho que o Rio Grande do Sul tem que parar com essa história de que estamos mal, isso aí não dá. Se só diz que a coisa está ruim, espanta investimentos. Temos de ter uma análise realista sempre. Eu não posso só ficar malhando o Rio Grande do Sul, é um Estado que todo mundo vai lá e adora. Os que vêm de fora gostam e nós ficamos queimando o Estado. Temos também que olhar as coisas positivas que tem, e não só achar tudo ruim — afirmou Petry.
O presidente da Fiergs agradeceu a disposição do governador Eduardo Leite de integrar a comitiva ao Chile e de levar seus secretários Juvir Costella (Transportes), Ruy Irigaray (Desenvolvimento Econômico e Turismo), Ana Amélia Lemos (Relações Federativas e Internacionais) e Bruno Vanuzzi (de Parcerias).
— O governador está vendendo muito bem a imagem do Rio Grande do Sul — analisou Petry.
A crise que se agravou a partir de 2015 e a consequente falta de recursos públicos foram os argumentos utilizados pelo então governador José Ivo Sartori para justificar diversos atrasos de pagamento, envolvendo fornecedores, saúde e servidores públicos. Foi sob esse contexto que o governo do Estado conseguiu aprovar, na Assembleia Legislativa, projetos de reestruturação da máquina pública, como a Previdência Complementar e a extinção de fundações.
Foi também pelo ambiente criado no governo anterior que Leite recebeu o apoio, por ampla maioria dos deputados, para retirar da Constituição a necessidade de realizar um plebiscito antes de privatizar CEEE, Sulgás e Companhia Riograndense de Mineração.
—Somos a quarta maior economia e estamos sendo muito falados por causa da nossa crise fiscal, a crise do governo. Estamos buscando mostrar que o Estado é muito mais do que sua crise. É um estado economicamente forte, relevante, com capital humano de excelência — afirmou Eduardo Leite.
Um dos últimos compromissos do governador do RS no Chile foi uma visita ao escritório comercial da Tramontina em Santiago, que também recebeu membros da comitiva da Fiergs. A empresa gaúcha explicou como estruturou sua base no país e em outros da América Latina.
Depois de ter passado pela embaixada do Brasil no Chile e de se reunir com representantes da InvestChile, agência governamental de investimentos, o governador embarcou nesta tarde para o Rio Grande do Sul. A comitiva liderada pela Fiergs ficará no Chile até sexta-feira.