O desembargador Antônio Amado, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, negou nesta terça-feira (25) liminar solicitada pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para suspender as quebras de seus sigilos bancário e fiscal. É a segunda liminar que o magistrado nega ao senador, filho do presidente Jair Bolsonaro.
Em abril, Amado já havia decidido manter a investigação com o Ministério Público fluminense. Os dois habeas corpus ainda serão analisados pela 3ª Câmara Criminal. A decisão, apurada pela reportagem, é mantida sob segredo de Justiça.
Flávio teve os sigilos quebrados em abril com autorização do juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal. Além do senador, outras 85 pessoas e nove empresas foram alvos da medida.
A defesa do senador alegou em seu recurso que Itabaiana não fundamentou a necessidade de modo suficiente.
A justificativa do magistrado toma um parágrafo do documento, adotando as razões expostas pelo Ministério Público em 87 páginas.
Flávio Bolsonaro é investigado sob suspeita de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa entre 2007 e 2018, quando exercia o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
A investigação foi aberta após relatório do Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) apontar uma movimentação atípica de R$ 1,2 milhão nas contas de seu ex-assessor Fabrício Queiroz entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.
Além do volume movimentado, chamou a atenção a forma com que as operações se davam: depósitos e saques em dinheiro vivo. As transações ocorriam em data próxima do pagamento de servidores da Alerj, onde Flávio exerceu o mandato de deputado por 16 anos (2003-2018) até ser eleito senador.
Queiroz já admitiu que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem o conhecimento do então deputado.
A Promotoria, contudo, desconfia da versão. Afirma haver indícios de prática de peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio.
Esta é a terceira derrota do senador na Justiça em sua tentativa de bloquear as investigações contra ele e Queiroz.