A defesa de Mateus Von Rondon, assessor especial do Ministério do Turismo, divulgou nota nesta sexta-feira (28) afirmando que seu cliente sempre esteve à disposição das autoridades e que, por isso, estranha que ele tenha sido preso com o único intuito de prestar depoimento.
"Importante esclarecer que Mateus Von Rondon tem bons antecedentes, residência e trabalho fixos, sempre esteve à disposição da Justiça e, por isso, o pedido de prisão temporária com a finalidade única e exclusiva dele prestar depoimento causou estranheza", diz a nota.
Braço direito do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, Von Rondon e dois ex-assessores do político do PSL foram presos na quinta-feira (27) em decorrência das investigações sobre as candidatas laranjas da sigla do presidente Jair Bolsonaro.
Além da prisão, a Justiça autorizou busca e apreensão na residência dos investigados. No apartamento de Von Rondon, por exemplo, a Polícia Federal ficou por mais de uma hora.
"Todos os esclarecimentos já foram dados às autoridades competentes, razão pela qual a defesa entrou com pedido de soltura ontem (27) e aguarda decisão favorável com a confiança na correção, imparcialidade e competência da Justiça" diz ainda a nota da defesa do assessor especial.
De acordo com depoimentos e buscas feitas anteriormente, Von Rondon é o principal elo formal entre Álvaro Antônio, as candidatas laranjas e as empresas que são suspeitas de terem simulado prestação de serviço com o intuito de desviar dinheiro público de campanha. Entretanto, Álvaro Antônio nega qualquer tipo de irregularidade.
O caso das laranjas do PSL foi revelado pelo jornal Folha de S.Paulo em fevereiro. Além de Minas Gerais, o partido é investigado por esquema semelhante em Pernambuco, terra natal do presidente nacional da sigla, Luciano Bivar.
As prisões desta quinta-feira tiveram como base provas e depoimentos que apontam, segundo a Justiça, que eles tiveram ativa participação no esquema de candidaturas de laranjas patrocinado pelo PSL de Minas Gerais.
Após indicação do PSL de Minas, presidido à época pelo próprio Álvaro Antônio, o comando nacional do partido de Bolsonaro repassou R$ 279 mil a quatro candidatas. O valor representa o percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) para destinação do fundo eleitoral a mulheres candidatas.
Apesar de figurar entre os 20 candidatos do PSL no país que mais receberam dinheiro público, essas quatro mulheres tiveram desempenho insignificante. Juntas, receberam pouco mais de 2 mil votos, em um indicativo de candidaturas de fachada, em que há simulação de alguns atos reais de campanha, mas não empenho efetivo na busca de votos.
Dos R$ 279 mil repassados pelo PSL, ao menos R$ 85 mil foram parar oficialmente na conta de quatro empresas que são de assessores, parentes ou sócios de assessores do atual ministro de Bolsonaro. A Polícia Federal vê elementos de participação de Álvaro Antônio.