O presidente Jair Bolsonaro disse nesta quinta-feira (16), nos Estados Unidos, que as investigações que avançam sobre seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), são feitas para atingi-lo. De acordo com o presidente, as apurações estão "fazendo um esculacho" em cima de Flávio para prejudicar o seu governo.
— Façam justiça! Querem me atingir? Venham pra cima de mim! Querem quebrar meu sigilo, eu sei que tem que ter um fato, mas eu abro o meu sigilo. Não vão me pegar — afirmou Bolsonaro em Dallas, nos EUA.
A quebra de sigilo bancário e fiscal nas apurações sobre a movimentação financeira de Flávio, filho do presidente, atinge ao menos cinco ex-assessores de Bolsonaro.
O presidente afirmou que o Ministério Público (MP) quebrou o sigilo de seu filho "desde o ano passado" e que os investigadores agora querem dar "um verniz de legalidade" às apurações:
— É a jogadinha, quebraram o sigilo bancário dele (Flávio) desde o ano passado e agora, para dar um verniz de legalidade, quebraram oficialmente o sigilo dele. Mais, se eu não me engano, 93 pessoas (...) O objetivo, querem me atingir? Quebrou o sigilo bancário desde o ano passado. Isso aí é ilegalidade. O que diz a jurisprudência? Eu não sou advogado, nulidade de processo. Fizeram aquilo pra prejudicar.
A avaliação do presidente é que setores da imprensa e do MP estão insatisfeitos com o seu governo e perseguem a ele e a sua família.
— Desde o começo do meu mandato o pessoal está atrás de mim o tempo todo, usando a minha família, quebram o sigilo de uma ex-companheira minha, que eu estou separado há 11 anos dela, que nunca foi empregada no gabinete isso. Por que isso? Eu me pergunto, por que isso? Qual a intenção disso? 93 pessoas? Eu não quero acusar outras pessoas de nada não, mas está escandaloso esse negócio, tá escandaloso.
Os nomes das pessoas que já trabalharam no gabinete de Bolsonaro e que são alvo da quebra de sigilo incluem a ex-mulher do presidente, Ana Cristina do Valle. Ao reclamar da seletividade das investigações, o presidente falou do caso do deputado estadual André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), que também teria assessores citados no relatório do Coaf.
— Você sabia que naquele grupo junto do (ex-assessor de Flávio, Fabrício) Queiroz, tinha umas 20 pessoas, uns 20 funcionários, o meu filho tava R$1,2 milhão, segundo Queiroz teria movimentado, verdade é metade, porque o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) mostra o que entra e o que sai. Tinha uma senhora lá, empregada de um deputado do PT, que teria movimentado, na mesma circunstância, R$ 49 milhões. O que aconteceu com este deputado (Ceciliano)? Ele foi eleito neste ano presidente da Alerj, ninguém tocou no assunto — disse o presidente. — Mas grandes setores da mídia, ao qual vocês integram, não estão satisfeitos com o meu governo, que é um governo de austeridade, é um governo de responsabilidade com o dinheiro público, é um governo que não vai mentir e não vai aceitar negociações, não vai aceitar conchavos para atender interesse de quem quer que seja. E ponto final — completou.