DALLAS, EUA (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (16) que a Folha de S.Paulo não tem que contratar "qualquer uma" para trabalhar no jornal. A declaração foi dada nos Estados Unidos, quando a signatária deste texto o questionou sobre o bloqueio de recursos no orçamento da educação.
Segundo o presidente, a jornalista tinha que entrar de novo "numa faculdade que presta e fazer bom jornalismo". Bolsonaro disse ainda que a Folha de S.Paulo não pode contratar "qualquer uma para ser jornalista, ficar semeando a discórdia e perguntando besteira e publicando coisas nojentas por aí".
O presidente dizia que nenhuma das universidades brasileiras estava na lista das 250 melhores instituições de ensino do mundo, e a repórter da Folha de S.Paulo perguntou se cortar dinheiro do setor resolveria esse problema.
Enquanto respondia a pergunta, o presidente foi orientado pelo secretário de comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, a usar a palavra "contingenciamento" e não "corte" -expressão que o próprio Bolsonaro já havia utilizado em outros momentos durante a mesma entrevista.
"Presidente, o senhor falou que não tem nenhuma universidade brasileira entre as 250 melhores do mundo. É cortando verba da educação que alguma universidade brasileira vai chegar...", perguntou a repórter.
Antes de encerrar a pergunta, Bolsonaro começou a responder: "O corte de verbas, você tem que entender, não é maldade de ninguém. Não tem dinheiro. Então [Wajngarten diz para o presidente falar 'contingenciamento'] o contingenciamento, que é a palavra certa, foi um pequeno percentual nas despesas discricionárias".
A repórter argumentou que contingenciamento significava corte, já que é o bloqueio de recursos para a área.
Neste momento, Bolsonaro afirmou que havia um especialista em orçamento ali -e apontou para um homem que estava filmando o presidente com o celular atrás dos jornalistas. Ele disse que contingenciamento era "a suspensão do gasto durante o período".
Bolsonaro, então, perguntou se a jornalista era da Folha de S.Paulo e, diante da confirmação, atacou a repórter.
"Aprendeu a Folha de S.Paulo? Primeiro, você, da Folha de S.Paulo, tem que entrar de novo numa faculdade que presta e fazer um bom jornalismo. É isso que a Folha tem que fazer e não contratar qualquer uma ou qualquer um para ser jornalista, para ficar semeando a discórdia e perguntando besteira por aí e publicando coisas nojentas. É isso que vocês da Folha têm que fazer", disse o presidente.
Outra jornalista tentou fazer mais uma pergunta, mas Bolsonaro insistiu com a Folha de S.Paulo: "Quer debater o Orçamento comigo?". "Não, eu não quero debater, eu quero saber que área o sr. está priorizando, por que o corte é na educação?", respondeu a repórter.
"Todas as áreas são essenciais. Ciência e Tecnologia é tão importante quanto educação, temos que investir em conhecimento, se não, quando acabar nossa commodities, vamos viver do quê? Não somos herbívoros", disse o presidente.
Em seguida, outra jornalista perguntou se o presidente estava "tranquilo em relação ao que foi revelado ontem [quarta] sobre o Flávio Bolsonaro?". Bolsonaro disse que sim e que, em 2015, o Ministério Público "fez a mesma coisa e mandou arquivar o processo". E encerrou a coletiva. Pouco depois, divulgou o vídeo da altercação em suas redes sociais.