O empresário Luciano Médici Antunes, dono da empresa OK Pago, prestou depoimento na sede da Polícia Federal (PF) em Porto Alegre por cerca de duas horas nesta quarta-feira (8). No começo da manhã, o apartamento dele e o escritório da empresa, na Capital, foram alvos de mandados de busca e apreensão na 61ª fase da Operação Lava-Jato.
Segundo a PF, Antunes não foi levado em condução coercitiva e se ofereceu espontaneamente para explicar sua ligação com o Banco Paulista. Três executivos da instituição financeira de São Paulo foram presos suspeitos de envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou, de acordo com o Ministério Público Federal (MPF), R$ 48 milhões do Grupo Odebrecht (leia mais abaixo).
As buscas em Porto Alegre foram feitas no apartamento de Antunes, no bairro Jardim Europa, e na sede da OK Pago, em um espaço de coworking na Rua Cabral. A PF cumpriu ainda mandados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em seu site, a OK Pago se define como uma "empresa de soluções de pagamento" e também afirma que tem "suporte e garantia" do Banco Paulista.
Disfarces de Mamom
De acordo com a PF, esta etapa da Lava-Jato apura um esquema de lavagem de dinheiro no Banco Paulista. Os presos são executivos da instituição financeira e foram identificados como Paulo Cesar Haenel Pereira Barreto, Tarcísio Rodrigues Joaquim e Gerson Luiz Mendes de Brito.
Ainda conforme a PF, eles são suspeitos de fazer a contratação de empresas de fachada, que emitiam notas fiscais e contratos fictícios para justificar serviços não prestados. Assim, pagamentos feitos e recebidos pelo banco no Exterior seriam encobertos.
As investigações revelaram que ao menos R$ 48 milhões repassados pela Odebrecht, no Exterior, a seis executivos do "Setor de Operações Estruturadas" da empreiteira foram lavados entre 2009 e 2015 por meio da celebração de contratos ideologicamente falsos com o Banco Paulista. Outros repasses suspeitos a empresas aparentemente sem estrutura, na ordem de R$ 280 milhões, também são objeto da apuração.
A ofensiva recebeu o nome de "Disfarces de Mamom", referência a uma passagem da Bíblia que diz que "ninguém pode servir a dois senhores" e que "não podeis servir a Deus e a Mamom".
Contrapontos
O Banco Paulista informou, por meio de sua assessoria, que a área de câmbio da instituição foi surpreendida com a operação da Polícia Federal em sua sede, que está colaborando com as autoridades e "retomando suas operações regulares".
Os advogados dos executivos presos em São Paulo ainda não foram localizados. A OK Pago ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.