Passados pouco mais de seis meses desde o primeiro turno das eleições 2018, ocorrido em 7 de outubro, os holofotes estão voltados ao presidente eleito Jair Bolsonaro. O paradeiro de quem venceu o pleito é bem conhecido: o Palácio do Planalto.
Mas onde estão os outros 11 candidatos que disputaram o posto de chefe do Executivo nacional?
Fernando Haddad (PT)
O candidato do PT, Fernando Haddad, disputou o segundo turno contra Bolsonaro, obtendo 44,87% dos votos válidos. Conforme prometido um dia após a derrota nas urnas, o professor voltou para a sala de aula. De acordo a assessoria de imprensa do petista, ele ministra cursos de graduação e pós-graduação no Insper, em São Paulo, e está licenciado da Universidade de São Paulo (USP), onde é concursado.
No campo da política, Haddad tem procurado se articular com outras lideranças, como o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), o ex-governador da Paraíba Ricardo Coutinho (PSB) e o ex-candidato à Presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, entre outros.
Haddad também tem atuado na campanha Lula Livre e participado, quando convocado, de encontros e seminários com as bancadas federais do PT e demais partidos da oposição. Ex-ministro da Educação e ex-prefeito de São Paulo, ele teve apoio do ex-presidente Lula durante a campanha.
Ciro Gomes (PDT)
Apontado como via alternativa na polarização entre direita e esquerda na eleição 2018, Ciro Gomes ficou em terceiro lugar na disputa eleitoral. Não se sabe se ele, de fato, foi chorar "com a mãe", como cogitou algumas vezes durante a disputa, em tom de deboche, ao projetar o que faria caso não fosse eleito. Durante a campanha, o pedetista chegou a dizer que não mais se candidataria a cargos públicos. Contudo, o ex-deputado, ex-prefeito, ex-governador e ex-ministro parece não abandonar a inclinação política.
Em suas redes sociais, Ciro tem divulgado vídeos nos quais fala sobre a situação do país e faz avaliações sobre o cenário atual. Boa parte desse material é de participações em eventos, seja em instituições de ensino ou fóruns de discussão. Conforme sua assessoria de imprensa, o pedetista tem realizado debates dentro e fora do Brasil. Depois do pleito de 2018, ele esteve em locais como Universidade de Lisboa, Universidade de Columbia(EUA), Harvard/MIT, UFMG, FGV, entre outras.
Ciro também está terminando de escrever um livro, que deve ser lançado ainda neste semestre. Ele ainda construiu e apresentou em Brasília, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo o Observatório Trabalhista, que reúne dados e indicadores diversos do governo federal para orientar o debate, a oposição e a cobrança com relação ao atual presidente
Geraldo Alckmin (PSDB)
Com longa trajetória na política, Geraldo Alckmin foi governador de São Paulo, vereador, prefeito, deputado estadual e deputado federal. Em sua segunda tentativa de se eleger à Presidência da República — já havia disputado o pleito de 2006, na reeleição de Lula —, ficou em quarto lugar com 4,76% dos votos. Atualmente, Alckmin atua como presidente nacional do PSDB. No começo de abril, se reuniu com Bolsonaro para falar sobre a reforma da Previdência, e afirma ter descartado "qualquer troca de votos por cargos".
Desde 1º de abril, Alckmin, que é médico, dá dicas de saúde e qualidade de vida no programa Todo Seu, apresentado pelo músico Ronnie Von, na TV Gazeta.
Recentemente, o político enfrentou uma determinação da Justiça de São Paulo para bloqueio de seus bens após um pedido do Ministério Público em ação civil pública. O processo se refere à investigação por improbidade administrativa decorrente de repasses da Odebrecht à campanha do tucano em 2014, quando foi reeleito governador. Os valores não teriam sido declarados à Justiça Eleitoral. Cabe recurso.
João Amoêdo (Novo)
Fundador do Novo, João Amoêdo ficou em quinto lugar na disputa pela Presidência, com 2,50% dos votos. O empresário foi o primeiro candidato ao Planalto pelo partido, e retornou à presidência da sigla em janeiro deste ano.
Desde então está focado em acompanhar o trabalho dos mandatários e preparar o partido para as eleições de 2020. Segundo sua assessoria de imprensa, Amoêdo exerce sua função viajando pelos Estados para participar de conferências, reuniões e encontros. Nesses eventos, também aborda e defende a reforma da Previdência.
Ele compartilhou em seu Instagram, em abril, uma foto junto de Marcel Van Hattem, líder do partido na Câmara, após uma reunião com Bolsonaro, em que reforçou o "apoio e compromisso" do Novo com as mudanças, "fundamentais para um país com mais oportunidades e menos privilégios".
Cabo Daciolo (Patriota)
Protagonista de cenas pitorescas — por vezes divertidas — durante os debates entre presidenciáveis em rede nacional ou via mídias sociais, o bombeiro Cabo Daciolo está afastado das atividades políticas. De acordo com a esposa, Cristiane Daciolo, ele "tem buscado muito direcionamento com Deus". Além disso, está definindo um novo partido para talvez disputar a prefeitura do Rio de Janeiro. Ainda segundo Cristiane, o ex-presidenciável saiu do Patriota por razões classificadas como "nada definido".
Natural de Florianópolis, o concorrente do Patriota ao Planalto em 2018 continua produzindo vídeos em tom religioso. A bíblia na mão e frases como "Glória a Deus", indefectíveis marcas de Daciolo, seguem pontuando as gravações que ele costuma fazer, principalmente via Facebook e Instagram.
Cabo Daciolo conseguiu a sexta colocação entre os presidenciáveis, ficando com 1,26% dos votos.
Henrique Meirelles (MDB)
Depois de deixar os cargos de presidente do Banco Central e de ministro da Fazenda, no governo Temer, Henrique Meirelles entrou na disputa pela Presidência e teve 1,20% dos votos. Em janeiro, aceitou o convite do governador de São Paulo, João Doria, e assumiu a chefia da Secretaria estadual da Fazenda e do Planejamento. Desde então, conforme assessoria, tem se dedicado a "revisar os números do Estado de São Paulo".
Participa também de debates, como o que falou sobre o futuro do país na Brazil Conference at Harvard & MIT — um evento anual organizado pela comunidade brasileira de Boston, nos Estados Unidos. Os candidatos à Presidência Ciro Gomes e Geraldo Alckmin também participaram da conversa.
Marina Silva (Rede)
Marina Silva tentou candidatura à Presidência da República pela terceira vez em 2018. Alcançou 1% dos votos. Marina, segundo ela mesma, tem contribuído com a Rede Sustentabilidade, participando do debate sobre o momento do país e discutindo formas de inovação na prática política, com foco no fortalecimento da democracia, respeito a riquezas naturais e culturais e na construção de um Brasil sustentável.
Além disso, a ex-ministra também tem conversado com lideranças do movimento socioambiental, de instituições multilaterais, de empresas, da academia e da área cultural, que estão preocupadas com possíveis retrocessos no país.
Envolvida com a causa ambiental, a candidata definiu os cem dias do governo Bolsonaro como de "graves retrocessos ambientais, ameaça de legados, incapacidade de liderança e despreparo".
Alvaro Dias (Podemos)
Nono colocado nas eleições 2018, com cerca de 0,80% dos votos válidos, Alvaro Dias voltou para o Senado. Ele foi reeleito para o cargo no Congresso em 2014. Além disso, o paranaense é o atual líder de seu partido, o Podemos.
Como boa parte dos colegas de política, Alvaro Dias tem na internet uma forte ferramenta de comunicação. Segundo as redes sociais do senador, recentemente apresentou um projeto de resolução que pretende estabelecer um limite de 50,9% do PIB para a dívida federal.
De acordo com a proposta, deve-se estabelecer um período de transição de 15 anos, tempo que a União teria para reformar sua política fiscal para obter os superávits necessários à redução do rombo. Ele também encampou algumas bandeiras, como o fim do foro privilegiado para autoridades, combate à corrupção, reformas e solução para a dívida pública, pontuou a assessoria de imprensa do senador.
Guilherme Boulos (PSOL)
O mais novo dos presidenciáveis de 2018, Guilherme Boulos alcançou 0,58% dos votos em 2018. Conforme assessoria, desde o resultado das urnas, o socialista tem viajado tanto dentro do país quanto fora, participando de atividades pelos Estados Unidos e Europa. Nesses eventos, ele promove debates sobre a atual situação do Brasil e reforça o que entende como malefícios de uma eventual aprovação da reforma da Previdência.
O candidato do PSOL é coordenador nacional de um dos maiores movimentos sociais no Brasil, o dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e também voltou a atuar como docente. Nas redes sociais, ele se diz professor desde os 23 anos, quando começou a dar aulas de filosofia em uma escola na região metropolitana de São Paulo. Agora, Boulos divulga, também nas redes, seu retorno às aulas com um curso de extensão sobre a questão urbana e os movimentos sociais, na Fundação Escola de Sociologia e Política de SP. O curso, que se inicia em maio, tem vagas esgotadas e lista de espera.
Vera Lúcia (PSTU)
Apresentada pelo PSTU como operária sapateira e ativista do movimento sindical, Vera Lúcia atingiu 0,05% dos votos em 2018.
Hoje, Vera é educadora sindical pelo Instituto Latino-Americano de Estudos Sócio-Econômicos (ILAESE) e integra a direção do PSTU.
José Maria Eymael (DC)
Advogado, José Maria Eymael ficou em penúltimo lugar, com 0,04% dos votos, em sua quinta disputa pela Presidência da República. Atualmente, é deputado e presidente nacional do partido Democracia Cristã (DC), com o qual alinha projetos para as eleições municipais 2020.
Entre suas principais bandeiras, está o fim da cláusula de barreira — norma da legislação eleitoral que, a partir deste ano, deve afetar 14 dos 35 partidos com registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), fazendo com que fiquem sem tempo de propaganda no rádio e na TV, nem verba do fundo partidário. A resolução leva em conta o desempenho nas urnas em 2018.
Eymael também é advogado tributarista e dono da empresa de comunicação Grupo Nacional de Serviço.
João Goulart Filho (PPL)
O último colocado nas eleições 2018 é João Goulart Filho, filho do ex-presidente da República João Goulart, o Jango, morto em 1976. Ele conquistou apenas 0,03% dos votos. Ex-deputado estadual no RS pelo PDT, em 1982, é fundador do Instituto João Goulart, dedicado a pesquisa histórica e a reflexão sobre o processo político brasileiro.
Autor de Jango e Eu: Memórias de um Exílio sem Volta, indicado ao Prêmio Jabuti, ele escreve, atualmente, seu segundo livro, ampliando o assunto. É ainda vice-presidente nacional do Partido Pátria Livre e presidente do partido no Distrito Federal.