A demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, era "crônica de uma morte anunciada", afirmou o vice-presidente, general Hamilton Mourão, em Washington, nos Estados Unidos.
— Ministro Vélez é uma pessoal de capacidade intelectual muito grande, uma pessoa bem intencionada, mas eu acho que acabou não conseguindo organizar as coisas lá no ministério — disse Mourão. — O presidente (Jair Bolsonaro) deu um tempo para ele tentar ajustar, não conseguiu, por consequência o presidente teve de trocar o ministro.
Mourão se reúne nesta segunda-feira (8) com o vice-presidente dos EUA, Mike Pence. Depois, o general segue para a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, onde participa de mesa redonda com empresários, e de lá será recepcionado em jantar.
Indagado se apoia a construção do muro na fronteira com o México, Mourão disse:
— O presidente Bolsonaro já disse que apoia, se ele declarou, eu também apoio. Estou que nem um paraquedas com ele, estou com ele e não abro.
Em relação a críticas de que ele estaria muito aberto a pontos de vista que não correspondem aos de Bolsonaro, Mourão afirmou que "as pessoas não me conhecem e aí pegam algumas opiniões julgando que é o todo, e isso não é o todo"
— Estou lado a lado com o presidente Bolsonaro, nós somos complementares nas nossas visões e, obviamente, nosso objetivo é um só: conseguir estabelecer uma nova base dentro do país para que a economia se recupere, a segurança pública volte a níveis aceitáveis e o Brasil tenha nova rota para chegar ao desenvolvimento sustentável.
Ele participou de almoço com pesquisadores e formadores de opinião na residência da embaixada do Brasil em Washington. Estiveram presentes o ambientalista Thomas Lovejoy, o ex-embaixador americano no Brasil Thomas Shannon (que chegou a ser o terceiro na hierarquia do Departamento de Estado americano, com posições de liderança em governos democratas e republicanos), o jornalista e escritor venezuelano Moises Naím (pesquisador do Carnegie Endowment for International Peace), Paulo Sotero, diretor do Brazil Institute do Wilson Center, Adrienne Arsht, vice-presidente do conselho do think tank Atlantic Council, o economista Fred Bergsten, diretor emérito do Peterson Institute of International Economics e Bruno Reis, diretor de América Latina do Eurasia Group.
De manhã, Mourão foi a uma livraria, e disse ter comprado quatro livros: um sobre a situação interna dos EUA , "o radicalismo que pode estar ocorrendo aqui também", outro sobre a posição da Rússia na Europa, um sobre uma batalha da Segunda Guerra Mundial e outro sobre a Guerra da Coreia.
Ele voltou a dizer que a crise na Venezuela precisa ser resolvida com uma solução encontrada pelos próprios venezuelanos e o auxílio da comunidade internacional com pressão política e econômica sobre o regime do ditador Nicolás Maduro.
No encontro com Pence, segundo Mourão, serão abordados temas sobre a cooperação espacial entre os dois países e sobre o acordo de salvaguardas tecnológicas que foi assinado durante a visita de Bolsonaro e permitirá o aluguel da base de Alcântara, no Maranhão.