O vice-presidente Hamilton Mourão rebateu, nesta segunda-feira (22), as críticas feitas à classe militar pelo escritor Olavo de Carvalho. Para o general da reserva, o ideólogo de direita não deveria comentar sobre assuntos que não conhece e se limitar à função de astrólogo.
O escritor estudou astrologia, escrevia sobre o assunto nos anos 1970 e 1980 e é considerado uma espécie de guru dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e de ministros do chamado núcleo ideológico do governo, como Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Abraham Weintraub (Educação).
— Eu acho que ele deve se limitar à função que ele desempenha bem, que é de astrólogo. Ele pode continuar a prever as coisas, que ele é bom nisso — disse Mourão.
No último sábado (20), um vídeo no qual Olavo fazia críticas a aliados de Bolsonaro, sobretudo militares, foi publicado no canal oficial do presidente no Youtube. Após repercussão negativa, ele foi apagado no domingo (21).
Na gravação, o escritor questiona a contribuição das escolas militares para o país e diz que o regime militar "destruiu os políticos de direita".
Mourão disse que Bolsonaro não deve ter assistido ao vídeo antes da publicação e afirmou que o discurso de Olavo demonstra seu "total desconhecimento" sobre como funciona o ensino militar.
— Alguém deve ter postado na rede dele. E, em relação ao Olavo de Carvalho, mostra o total desconhecimento dele de como funciona o ensino militar. Acho que é até bom a gente convidá-lo a ir a nossas escolas e conhecer.
A troca de críticas entre os seguidores do escritor — chamados de olavistas — e os militares tem ocorrido desde o início do governo e levado o presidente a gastar seu capital político para esfriar a disputa.
Recentemente, Olavo incentivou o deputado federal Marco Feliciano (Pode-SP) a apresentar um pedido de impeachment contra Mourão.
Mourão disse ainda que Olavo não está entendendo o que acontece atualmente no Brasil e ressaltou que a sua posição não tem contribuído com o governo:
— O Olavo perdeu o timing, não está entendendo o que está acontecendo no Brasil. Até porque ele mora nos Estados Unidos e não está apoiando e sendo bom ao governo.