Após passar a primeira noite na prisão no Rio de Janeiro, o ex-presidente Michel Temer deve depor à Polícia Federal nesta sexta-feira (22). Temer foi preso na quinta-feira (21), em São Paulo, na Operação Descontaminação, um desdobramento das investigações da força-tarefa da Lava-Jato no Rio.
Temer ocupa uma cela improvisada na superintendência da PF no Rio, uma sala da corregedoria no terceiro andar do prédio. O espaço, com cerca de 20 metros quadrados e janela, conta com frigobar, ar-condicionado e é uma das poucas salas do edifício com banheiro privativo. O ex-presidente chegou ao local no início da noite de quinta-feira e foi recebido por cerca de 10 manifestantes que gritavam "golpista" e "ladrão".
A custódia de Temer no prédio da PF obedece a decisão do juiz Marcelo Bretas, que decretou a prisão do ex-presidente. Bretas defendeu tratamento semelhante ao dado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018 na superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
"Entendo que o tratamento dado aos ex-presidentes deve ser isonômico, uma vez que o ex-presidente Lula está custodiado na superintendência da Polícia Federal em Curitiba", escreveu o juiz em seu despacho.
Inicialmente, Bretas havia determinado que Temer fosse enviado ao Batalhão Especial Prisional (BEP), unidade gerida pela Polícia Militar do Rio em Niterói, na região metropolitana da capital. Reservada a policiais, a unidade mantém hoje o ex-governador Luiz Fernando Pezão, acusado de participar do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral. A mudança foi feita a pedido da defesa de Temer e após consulta à Polícia Federal, que afirmou ter condições de custodiar o ex-presidente.
O ex-ministro Moreira Franco e João Batista Lima Filho, o coronel Lima, estão presos no BEP, segundo decisão de Bretas. Na unidade há uma sala de Estado-Maior, mais espaçosa e com mesa e banheiro, onde hoje está Pezão.