Apontado como um dos principais gurus da gestão de Jair Bolsonaro à frente da presidência, o filósofo Olavo de Carvalho fez duras críticas a militares que compõem os primeiros escalões e afirmou que, se o presidente não promover mudanças, seu governo poderá durar apenas mais um semestre.
— Se tudo continuar como está, já está mal. Não precisa mudar nada para ficar mal. É só continuar assim. Mais seis meses, acabou — disse Olavo, no sábado (16) à noite, após a apresentação de um documentário sobre suas ideias no Trump International Hotel, em Washington (EUA).
A declaração foi dada poucas horas antes da chegada de Bolsonaro aos Estados Unidos, com quem deve se encontrar em um jantar na noite deste domingo (17). Em seu linguajar típico, recheado de palavrões, o filósofo se referiu aos militares do governo como um "bando de cagão" e repetiu críticas à imprensa segundo a Agência Estado:
— Ele (Bolsonaro) não reage porque aquele bando de milico que o cerca é tudo um bando de cagão que tem medo da mídia. Por que eles têm medo da mídia? Porque quando terminou a ditadura militar, eles viram que estavam todos queimados com a mídia, foram para casa e decidiram agora fazer o papel de bonzinho. O que o Bolsonaro tem a ver com isso? Nada.
Olavo disse acreditar que o atual presidente é um grande homem, mas cercado por "traidores" em quem não pode confiar. O guru da família Bolsonaro demonstrou mais uma vez sua inconformidade com o vice, general Hamilton Mourão, com quem tem um histórico de atritos. Olavo se referiu a Mourão como "idiota".
— O presidente viaja e qual a primeira coisa que ele faz? Viaja a São Paulo para um encontro político com Doria. Esse cara não tem ideia do que é vice-presidência. Durante a viagem, ele tem que ficar em Brasília — complementou.
O filósofo atribuiu ainda a Mourão uma "mentalidade golpista" por supostamente tentar ampliar seu grau de influência no governo. As declarações foram dadas depois da sessão do filme O Jardim das Aflições organizada pelo polêmico estrategista americano Steve Bannon. O evento reuniu cerca de 60 pessoas entre brasileiros e americanos, incluindo diplomatas da embaixada do Brasil. Durante a visita aos EUA, Bolsonaro se reunirá com o presidente americano Donald Trump.
A aproximação do clã Bolsonaro com Bannon provoca desconforto em parte da Casa Branca. O ex-estrategista de Trump foi afastado em 2017 e chamado de "traidor" pelo próprio presidente americano. Bannon também foi convidado para o jantar com Bolsonaro e Olavo de Carvalho.