SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O neto de 7 anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) morreu nesta sexta-feira (1º) em um hospital do ABC paulista, vítima de meningite meningocócica.
Arthur Araújo Lula da Silva deu entrada às 7h20 desta sexta-feira no Hospital Bartira, da rede D'Or, em Santo André (Grande São Paulo), com quadro instável, segundo boletim médico divulgado pela instituição. O quadro se agravou, e a criança morreu às 12h36.
A defesa de Lula, que está preso na Polícia Federal em Curitiba, formalizou nesta tarde pedido à Justiça para a liberação do ex-presidente para ir ao velório e ao enterro do neto, previsto para ser realizado no sábado (2).
O pedido da defesa, endereçado à juíza responsável pela execução penal de Lula, Carolina Lebbos, cita a Lei de Execução Penal, que estabelece a previsão de saída temporária de presos para velórios e enterros de familiares, incluindo descendentes.
Ainda não se sabe se o pedido será aceito: a superintendência da PF em Curitiba está em regime de plantão até quarta-feira (6), em função do Carnaval e de uma dedetização do prédio agendada para esta sexta (1º).
Na petição enviada à Justiça, o advogado Cristiano Zanin Martins argumenta que poderá acordar com a autoridade policial [...] providências específicas que eventualmente sejam necessárias para garantir a presença de Lula no velório do neto.
No mês passado, a PF negou autorização para que Lula saísse da prisão para ir ao velório e ao enterro do irmão, Genival Inácio da Silva, conhecido como Vavá, sob argumento de falta de aeronaves e de risco à segurança do ex-presidente e à ordem pública.
Desta vez, a defesa se comprometeu a não divulgar qualquer informação relativa ao trajeto que será realizado por Lula, e disse que irá informar o local da cerimônia de sepultamento diretamente à autoridade policial.
Arthur visitou o avô por duas vezes na sede da Polícia Federal, no ano passado. Era filho de Marlene Araújo Lula da Silva e Sandro Luis Lula da Silva, filho do ex-presidente e da ex-primeira-dama Marisa Letícia.
No mês passado, o ministro Dias Toffoli, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), autorizou a ida de Lula ao enterro do irmão, mas só quando o cortejo já deixava a capela onde o corpo foi velado, e Lula não deixou a cela em Curitiba.
A meningite, doença de que Arthur foi vítima, em geral é caracterizada pela inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal. A doença pode ser causada por vários agentes, como vírus e bactérias. Os principais sintomas são febre, dor de cabeça, vômitos, náuseas, rigidez de nuca e manchas vermelhas na pele.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, lamentou em redes sociais a morte de Arthur.
Em nota, o governador da Bahia Rui Costa (PT) manifestou apoio ao ex-presidente. "Que Deus console o coração do avô, dos pais e de toda a família. Espero que prevaleça o bom senso, a Justiça e até o sentimento de solidariedade humana no sentido de que Lula seja autorizado a se despedir do neto."
A ex-presidente Dilma Rousseff disse que Arthur era uma "criança maravilhosa". "Minha imensa solidariedade, a @LulaOficial e sua família, face a imensa dor que se abate, hoje, sobre eles. Meu pesar pelo falecimento de Arthur, neto querido e filho amado, vítima de meningite, aos 7 anos", escreveu.
SITUAÇÃO JURÍDICA DE LULA
Além da condenação mais recente, imposta na Justiça Federal no Paraná em fevereiro, pelo caso do sítio de Atibaia, os advogados do ex-presidente Lula trabalham na defesa dele em outros sete processos que tramitam também no Distrito Federal e em São Paulo.
O mais conhecido deles, o do tríplex de Guarujá (SP), provocou a prisão do petista em abril do ano passado, quando se esgotaram os recursos dele na segunda instância contra a condenação imposta pelo agora ex-juiz Sergio Moro.
No dia 6 de fevereiro, Lula foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, no caso do sítio de Atibaia, no interior de São Paulo. A sentença foi dada pela juíza Gabriela Hardt, que substitui o ex-juiz Sergio Moro.
Também foram condenados os empresários Marcelo Odebrecht e Emílio Odebrecht, Leo Pinheiro, da OAS e José Carlos Bumlai (responsáveis pelas obras no sítio); o proprietário do sítio Fernando Bittar, o advogado Roberto Teixeira, além de Paulo Gordilho, Emyr Diniz Costa Junior, Alexandrino Alencar e Carlos Armando Guedes Paschoal.
A ação julgou as reformas realizadas no sítio de Atibaia (SP), frequentado pelo petista.
Na ação penal do sítio de Atibaia, ele era acusado de ser favorecido pelas empreiteiras OAS e Odebrecht com benfeitorias feitas na propriedade rural que frequentava. Cabe recurso.
O pagamento de obras na propriedade pela Odebrecht foi revelado pela Folha de S.Paulo em reportagem de janeiro de 2016.