Movimentos de torcedores do Inter repudiaram a entrega da camisa oficial do clube ao presidente Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (29). Bolsonaro vestiu o uniforme colorado após recebê-lo das mãos do presidente do clube, Marcelo Medeiros, em visita ao chefe do Executivo nacional.
O manifesto, publicado na página da chapa O Povo do Clube, que elegeu 33 conselheiros no último pleito do Inter, critica o ato, destacando que "aquele que discursa contra as minorias, comemora ditadura, exalta tortura e defende a retirada de direitos do povo" vestiu o manto do clube.
O texto é assinado por outros 12 movimentos. Em nenhum momento da publicação, o nome de Bolsonaro é citado, mas a foto do presidente com a camisa do Inter ilustra a postagem.
"Se nosso manto falasse, ele certamente defenderia toda a carga popular que carrega e não se deixaria vestir por um fascista", diz trecho da nota.
No texto, os representantes dos movimentos afirmam que o ato reforça que política e futebol "sempre se misturaram", mas que a "hipocrisia e o elitismo" não permite o direito de manifestação nesse tom aos torcedores. No entendimento dos que assinam o manifesto, o caso da entrega da camisa a Bolsonaro estende essa possibilidade aos que torcem pelo clube:
"Se os engravatados podem, os atores principais do futebol também podem, e somos nós, torcedores e torcedoras".
Os movimentos pontuam que é triste "ver um homem que é o oposto de nossa história ganhar e vestir a camiseta que tanto defendemos, e ver um corrupto confesso fazer sinal de arminha". Esse último trecho faz referência ao ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que aparece nas fotos ao lado de Bolsonaro;
"E que jamais esquecemos que o Internacional é do POVO e é ao lado deste e dos que o defendem que deve sempre estar".
Procurada pela reportagem de GaúchaZH, a assessoria de imprensa do Sport Club Internacional informou que a visita do presidente Medeiros foi institucional. Segundo o clube, o ato ocorre independentemente de quem ocupa o cargo. Mais cedo, Medeiros explanou o mesmo entendimento:
— O Inter é um clube apartidário e agnóstico. Já fizemos visitas institucionais com outros presidentes de outros partidos, com os governantes José Ivo Sartori e Eduardo Leite e com o prefeito Nelson Marchezan. Nada mais natural e cabível que a gente fizesse isso também no nível federal. Se o presidente eleito tivesse sido o Fernando Haddad, eu estaria aqui em Brasília fazendo o mesmo movimento que fiz hoje — completa Medeiros.