Política

Ditadura militar

Juíza proíbe comemorações do golpe de 1964 pelo governo federal

Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, disse que Ministério da Defesa deve ser intimado. Leitura da ordem do dia, entretanto, já aconteceu em diversos quartéis pelo país

Folhapress

MATEUS BONOMI / AGIF/ESTADÃO CONTEÚDO
Em São Paulo, a ordem do dia foi lida nesta sexta-feira (29). A mesma cerimônia aconteceu em Porto Alegre na quinta-feira

A juíza Ivani Silva da Luz, da 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília, proibiu nesta sexta (29) o governo de Jair Bolsonaro de comemorar o aniversário de 55 anos do golpe de 1964 no próximo domingo (31).

Ela atendeu a um pedido de liminar apresentado pela Defensoria Pública da União, que alegou risco de afronta à memória e à verdade, além do emprego irregular de recursos públicos nos eventos.

"Defiro o pedido de tutela de urgência para determinar à União que se abstenha da ordem do dia alusiva ao 31 de março de 1964, prevista pelo ministro da Defesa e comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica", decidiu a magistrada. Ela determinou que a Defesa seja intimada da ordem. 

De acordo com a juíza, o ato "não é compatível com o processo de reconstrução democrática promovida pela Assembleia Nacional Constituinte de 1987 e pela Constituição Federal de 1988" e "afasta-se do ideário de reconciliação da sociedade" protagonizado pela Lei da Anistia. 

"Nesse contexto, sobressai o direito fundamental à memória e à verdade, na sua acepção difusa, com vistas a não repetição de violações contra a integridade da humanidade, preservando a geração presente e as futuras do retrocesso a Estados de exceção", afirma a juíza.

No início da semana, Bolsonaro havia determinado à pasta que o golpe fosse comemorado nos quartéis. Na prática, várias unidades militares anteciparam a leitura da ordem do dia para esta sexta (29), já que o aniversário cairá no domingo. Em Porto Alegre, a leitura aconteceu na quinta-feira (28).

Em evento de comemoração dos 211 anos da Justiça Militar, o presidente Jair Bolsonaro negou que tenha determinado ao Ministério da Defesa que fosse comemorado no domingo (31) os 55 anos do golpe de 1964.

— Não foi comemorar, foi rememorar, rever o que está errado, o que está certo e usar isso para o bem do Brasil no futuro — afirmou na quinta-feira (28).

Leia a decisão na íntegra:


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