Ricardo Salles está em um relacionamento complicado com as ONGs ambientalistas. O ministro do Meio Ambiente bloqueou da sua conta pessoal no Twitter alguns perfis como o do Observatório do Clima e o do coordenador de campanhas do Greenpeace, Nilo D'Ávila. Ele explica que "está aberto para receber todos os ambientalistas sérios".
Questionado sobre qual o seu critério de seriedade, Salles responde que "as organizações que ligarem e agendarem uma reunião para discutir uma pauta serão recebidas. Mas você não pode ir na internet dizer que sou burro, incompetente e depois querer vir aqui; isso não é ter uma boa relação". O critério do ministro também inclui regras de comportamento.
— Vou receber quem tenha uma pauta séria; sem "assembleísmo", sem manifestação — descreve.
Embora não se enquadre na etiqueta do ministro, o Observatório do Clima é reconhecido como um porta-voz importante da sociedade no monitoramento de ações climáticas. Sua rede tem dezenas de organizações-membro, incluindo movimentos sociais, universidade e também entidades ligadas ao setor privado, como a Fundação Boticário. O secretário-executivo do Observatório do Clima, Carlos Rittl, lembra que a postura crítica não é novidade na sua atuação.
— Sempre fomos muito críticos e cobramos de todos os governos, mas sempre tivemos por parte deles a abertura ao diálogo, mesmo nos momentos em que as diferenças nas decisões e posições de governo em relação às nossas recomendações eram muito grandes — afirma.
O "Agromitômetro", publicação no site do Observatório que checou e rebateu declarações do ministro, é o que teria deixado Salles chateado. O bloqueio no Twitter veio logo depois, em 17 de janeiro. Já Nilo D'Ávila, coordenador de campanhas do Greenpeace, respondeu pelo Twitter que nunca foi seguidor do ministro na rede social. Há uma semana, ele havia marcado o perfil de Salles em uma publicação que cobrava providências sobre a tragédia de Brumadinho.