O senador eleito e ex-deputado estadual do Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) empregou em seu gabinete, até novembro de 2018, a mãe e a mulher de um ex-capitão da Polícia Militar suspeito de integrar milícia envolvida no assassinato de Marielle Franco, alvo de operação desencadeada nesta terça-feira (22). Adriano Magalhães da Nóbrega, o Capitão Adriano, foi alvo de um mandado de prisão e é considerado foragido. As informações são do jornal O Globo.
De acordo com o jornal, o capitão é acusado há mais de uma década por envolvimento em homicídios e já foi homenageado por Flávio na Assembleia Legislativa do Rio. Ex-integrante do Bope, Adriano se formou no curso de operações especiais da PM em 2000. Ele foi preso na operação "Dedo de Deus", de 2011, desencadeada para combater o jogo do bicho no Rio. À época, era capitão da PM. O ex-PM é amigo de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito investigado por movimentações financeiras atípicas. Seria o próprio Queiroz o responsável por indicar as familiares de Adriano ao gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro.
A mãe de Adriano, Raimunda Veras Magalhães, e a mulher, Danielle Mendonça da Costa da Nóbrega, ocuparam cargos no gabinete de Flávio Bolsonaro. Segundo O Globo, elas tinham o cargo CCDAL-5, com salários de R$ 6.490,35, e ambas foram exoneradas a pedido no dia 13 de novembro de 2018.
Raimunda é uma das servidoras do gabinete que fizeram repasses para a conta de Queiroz. Segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), a ex-assessora, de 68 anos, repassou R$ 4,6 mil para a conta do policial militar. O relatório do Coaf aponta mais uma possível ligação entre Queiroz e Adriano. Segundo dados da Receita Federal, Raimunda é sócia de um restaurante localizado na Rua Aristides Lobo, no Rio Comprido, que fica em frente à agência do Banco Itaú onde foi registrada a maior parte dos depósitos em dinheiro vivo feitos na conta de Queiroz.
Senador eleito se diz vítima de difamação
Em nota oficial à imprensa, Flávio Bolsonaro afirma ser vítima de uma "campanha difamatória" com objetivo de atingir o governo de seu pai, Jair Bolsonaro. No texto, o senador eleito informa que "a funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho".
Confira a íntegra da nota:
"Continuo a ser vítima de uma campanha difamatória com objetivo de atingir o governo de Jair Bolsonaro. A funcionária que aparece no relatório do Coaf foi contratada por indicação do ex-assessor Fabrício Queiroz, que era quem supervisionava seu trabalho. Não posso ser responsabilizado por atos que desconheço, só agora revelados com informações desse órgão.
Tenho sido enfático para que tudo seja apurado e os responsáveis sejam julgados na forma da lei.
Quanto ao parentesco constatado da funcionária, que é mãe de um foragido, já condenado pela Justiça, reafirmo que é mais uma ilação irresponsável daqueles que pretendem me difamar.
Quanto a homenagens prestadas a militares, sempre atuei na defesa de agentes de segurança pública e já concedi centenas de outras homenagens.
Aqueles que cometem erros devem responder por seus atos."