O deputado estadual e senador eleito pelo Rio de Janeiro Flávio Bolsonaro (PSL), filho do presidente Jair Bolsonaro, concedeu entrevista na noite desta sexta-feira (18) ao Jornal da Record com o objetivo de dar a sua versão sobre o pedido de suspensão das investigações sobre o ex-assessor Fabrício Queiroz. Flávio afirmou que o Ministério Público do Rio de Janeiro quebrou o seu sigilo bancário de forma ilegal.
— Eu estou sendo investigado desde meados do ano passado. O MP não tem que informar que eu estou sendo investigado, mas, no momento em que eles ocultam qual é a verdade sobre a situação na qual estou sendo investigado, é uma contradição, porque o MP estava informando que eu não era investigado — afirmou.
O senador eleito afirmou que existe um "tratamento diferenciado" sobre o caso relacionado a ele.
— Quer dizer que só porque sou filho do presidente a lei não vale para mim? Quero ser tratado dentro da lei e da constituição. Num jogo de futebol, seu time pode fazer um gol de mão e tenho que aceitar? — questionou.
Nesta semana, Flávio Bolsonaro recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para evitar a continuidade das investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre seu ex-assessor Fabrício Queiroz, sobre o qual foram identificadas no Coaf movimentações financeiras atípicas de mais de R$ 1,2 milhão.
Flávio justificou por que pediu à Suprema Corte a suspensão das investigações:
— Não estou atrás de foro nenhum. Ele (promotor) deveria ter informado isso ao STF que, conforme decisão do próprio Supremo, deveria decidir que a investigação fica no Rio ou em Brasília, e dar prosseguimento aos demais atos da investigação. Cumprir a determinação legal.
Nesta noite, o Jornal Nacional revelou documentos, obtidos pelo Coaf, que revelam que Flávio Bolsonaro recebeu R$ 96 mil em depósitos durante um mês, a maior parte deles em sequência. Os depósitos foram feitos em espécie. No dia 9 de junho de 2017, ele recebeu R$ 20 mil em cinco minutos.
No total, foram R$ 96 mil depositados em cinco dias:
- 9 de junho de 2017: 10 depósitos no intervalo de cinco minutos, entre 11h02min e 11h07min;
- 15 de junho de 2017: mais cinco depósitos, feitos em dois minutos, das 16h58min às 17h;
- 27 de junho de 2017: outros 10 depósitos (total de R$ 20 mil), em três minutos, das 12h21min às 12h24min;
- 28 de junho de 2017: mais oito depósitos, em quatro minutos, entre 10h52min e 10h56min;
- 13 de julho de 2017: 15 depósitos, em seis minutos.
O Coaf diz que não foi possível identificar quem fez os depósitos. O relatório afirma que o fato de terem sido realizados de forma fracionada desperta suspeita de ocultação da origem do dinheiro.
Procurado, Flávio Bolsonaro não respondeu aos questionamentos do Jornal Nacional. O tema também não foi abordado na sua entrevista ao Jornal da Record. Ao Ministério Público, no âmbito do caso Queiroz, ele afirmou que só se manifestaria depois de conhecer os autos.