O governador Eduardo Leite aproveitou a passagem por São Paulo para buscar conselhos sobre o desafio de viabilizar politicamente a série de medidas que ele pretende implantar durante a sua gestão no Piratini. Antes mesmo de encontrar nomes de peso do PSDB — como João Doria e Geraldo Alckmin —, Leite se reuniu com o cientista político tucano Luiz Felipe d'Avila. Dele, Leite ouviu conselhos sobre como reduzir o desgaste político se forem levadas adiante as propostas do governador de reforma da Previdência, reestruturação de carreiras do funcionalismo e privatização de estatais.
— No fundo, o que aumenta o custo político é você não ter uma boa narrativa que consiga persuadir as pessoas de que aquela reforma é vital — contou o cientista político.
A Leite, d'Avila argumentou que, construída a narrativa correta, a reestruturação da carreira do funcionalismo pode dar projeção nacional ao governador gaúcho. Segundo o cientista político, o segredo é "fazer a reforma com a bandeira de que isso é uma valorização dos servidores", conquistando a simpatia de parte do funcionalismo.
— Eu entendo que a reforma da carreira dos servidores pode ser uma grande bandeira nacional do Leite. Todo mundo está tateando isso, mas ninguém está fazendo direito. Acho que essa reforma tem menos resistência do que se parece. No fundo, os bons funcionários querem ser reconhecidos, gostariam de ter um plano em que fossem reconhecidos. Acho que ele têm bons aliados no serviço público — apontou.
O conselheiro de Leite também avaliou que, das reformas, a da Previdência estadual é "fundamental", independentemente de eventuais mudanças nacionais nas regras de aposentadoria.
— Um erro que se comete na política é só pensar no impacto das medidas (propostas pelo governo), ignorando os custos políticos. É isso que inviabiliza governo — alertou d'Avila, dizendo que o governo precisará priorizar pautas.
O cientista político tucano é fundador e dirigente do Centro de Liderança Pública (CLP), entidade sem fins lucrativos que já prestou serviços à gestão Leite na prefeitura de Pelotas. Se a conversa dessa segunda-feira (14) evoluir para um convênio, o CLP poderá produzir os desenhos de reforma que Leite tentará aplicar no Estado. O encontro dessa segunda, contudo, foi classificado por d'Avila como apenas "uma primeira conversa entre dois bons amigos".