O novo comandante da Marinha, Ilques Barbosa Junior, afirmou, na cerimônia de transmissão de cargo que ocorreu nesta quarta-feira (9), que o Brasil esteve ao lado dos Estados Unidos em três guerras mundiais: a Primeira (1914-1918), a Segunda (1939-1945) e a terceira, que seria a Guerra Fria. Entretanto, a Guerra Fria não é considerada por historiadores uma terceira Guerra Mundial. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
— Menciono a presença do representante do almirante John Richardson, chefe de operações navais da Marinha dos EUA, e do almirante Sean Buck, comandante da quarta esquadra e forças navais do comando do sul dos EUA. Estivemos juntos em três guerras mundiais e é a essa parceria que estamos dando continuidade — disse em seu discurso de posse.
Ao final do evento, Barbosa explicou que se referia à Guerra Fria ao falar em “terceira guerra mundial”.
— Eu não disse isso. Eu disse do ponto de vista histórico. A história diz que nós passamos a 1ª Guerra Mundial (...) a Marinha participou em apoio aos aliados. Na 2ª Guerra Mundial, a Marinha do Brasil, o Exército brasileiro e a Força Aérea Brasileira, nós combatemos do lado dos aliados, em prol da democracia contra a tirania. E durante a Guerra Fria, nós estávamos de um lado — respondeu ao ser questionado pelos jornalistas sobre ao que se referia.
Para novo comandante, militares devem ficar de fora da reforma da Previdência
O novo comandante da Marinha também defendeu que as Forças Armadas fiquem fora da reforma da Previdência, destacando que a posição é a mesma do ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Ilques também é a favor da revisão de benefícios para a carreira militar.
Para Ilques, é "impróprio" mencionar a palavra Previdência para se referir ao regime de aposentadoria dos militares.
— Nós não temos Previdência, mas, sim, proteção social dos militares — reagiu.
Ele conversou com jornalistas após cerimônia de transmissão do cargo, antes ocupado pelo almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira. O evento ocorreu no Clube Naval, em Brasília, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, e do vice, Hamilton Mourão.
Questionado sobre o aumento da idade mínima para aposentadoria, Ilques disse que o tema é relevante, mas que ainda não possui opinião formada:
— O tema, para nós que precisamos de higidez física para combate, para atuação, garantia de lei e da ordem, é importante. Não estamos fechados na orientação do ministro da Defesa em nenhum assunto. Temos que contribuir com o nosso país.
Em seguida, indagado se o aumento da idade mínima seria razoável, respondeu que não sabe:
— Não sei (se o aumento) é razoável, adequado e exequível, é um conjunto.
Além de ser contra a inclusão dos militares na reforma previdenciária, Ilques também é favorável a uma revisão da Medida Provisória 2215, de 2001, que, entre outras medidas, acabou com a promoção automática dos militares que passam para a reserva, o auxílio-moradia e o adicional de inatividade dos militares.
— Esse trabalho vem sendo feito pelas três forças, o ministro da Defesa está conduzindo a negociação e estamos nesse diapasão — contou.
Na semana passada, Bolsonaro também se posicionou contra a MP, que poderia ser substituída pelo governo até o segundo semestre deste ano. Segundo o presidente, as Forças Armadas foram esquecidas por algum tempo porque "são um obstáculo para aqueles que querem usurpar o poder". "Temos como herança desse governo, que citei agora há pouco, a MP 2215, que esperamos não deixar completar 19 anos", disse Bolsonaro. A medida foi sancionada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em 31 de agosto de 2001.
Reforma
Apesar da contrariedade de técnicos da área econômica, a proposta de reforma da Previdência do governo de Jair Bolsonaro não deverá incluir os militares, ao menos nessa primeira etapa. O argumento que vem sendo usado para justificar a medida é o de que eles estão sempre à disposição do Estado, tanto em serviço como após a reserva.
A ideia é aproveitar parte do texto enviado ao Congresso pelo então presidente Michel Temer, em 2017, deixando os integrantes das Forças Armadas fora do projeto de idade mínima para aposentadoria.
— Militar é uma categoria muito marcante, de farda. Militares, policiais, agentes penitenciários, Judiciário, Legislativo, Ministério Público possuem características especiais, que têm de ser consideradas e discutidas — disse ao Estado o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, afirmou na terça ao jornal Valor Econômico que os militares estão "excluídos da reforma da Previdência" por possuírem carreiras diferenciadas.
— As Forças Armadas são um seguro caro que toda Nação forte tem que ter. Temos uma proteção para essas especificidades da carreira. Se o nome é reforma da Previdência, não estamos nela — declarou o general.
Nesta quarta, durante a cerimônia de passagem do comando da Marinha, Azevedo e Silva, voltou a defender que os militares fiquem fora da reforma da Previdência, argumentando que a profissão possui "peculiaridades" e que isso demanda um "regime diferenciado" de aposentadoria.
Azevedo e Silva agradeceu ao almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira, que transmitiu o comando da Armada ao almirante Ilques Barbosa Junior. Segundo o ministro, o ex-comandante foi incansável na defesa de que os militares tenham um regime diferenciado.
— Diante das discussões sobre a reforma do sistema de proteção social dos militares, foi incansável no esforço de comunicar as peculiaridades da nossa profissão, que as diferenciam das demais, fundamentando a necessidade de um regime diferenciado, visando assegurar adequado amparo social aos militares das Forças Armadas e seus dependentes —disse o ministro.
A exclusão dos militares da reforma foi defendida pelo presidente Jair Bolsonaro durante a campanha e é dada como certa por ministros militares do governo.