Passados 50 dias do segundo turno, o MDB gaúcho decidiu deixar de lado as mágoas eleitorais e ingressar no governo de Eduardo Leite — o tucano ganhou a disputa eleitoral do emedebista José Ivo Sartori. Nesta segunda-feira (17), por 47 votos favoráveis, nove contrários e duas abstenções, o diretório estadual deu o aval que a maioria dos deputados estaduais desejava.
O MDB deverá ficar com o comando da Secretaria de Transportes, uma das maiores estruturas do governo, além de cargos no segundo e no terceiro escalões. O nome do deputado Juvir Costella é o mais cotado para assumir o posto oferecido por Leite ao partido.
— Se é para uma bancada enorme ter apenas uma secretaria, que seja uma secretaria enorme — resumiu um dos articuladores. A reunião do diretório durou quase três horas e teve dezenas de discursos, em sua maioria favoráveis à adesão.
— As propostas e ideias do governador Eduardo Leite são exatamente as mesmas, ou muito parecidas, com as que defendemos. Logo, estamos tratando do mesmo campo político — argumentou o deputado Gabriel Souza, líder do governo Sartori, em favor da adesão.
A maior resistência à decisão está entre as bases do MDB, onde estão os apoiadores que fizeram campanha de rua para Sartori durante as eleições.
— Imagino que o militante, a pessoa que esteve na luta, lutando contra (Leite), tenha constrangimento (com essa decisão). Aliás, como presidente do partido, a gente tem constrangimento. Mas o nosso Estado é maior que nossos constrangimentos — disse o presidente estadual da legenda, Alceu Moreira.
Dos oito deputados eleitos do MDB, apenas dois foram contrários à adesão. Acompanhando postura do pai e ex-governador emedebista Pedro Simon, o deputado Tiago Simon fez algumas das mais duras críticas à aliança com Leite.
— Indiscutivelmente, existe a marca do fisiologismo no nosso partido. Temos uma oportunidade ímpar de mostrar que somos um partido diferente — disse o deputado, pouco antes de ser voto derrotado.
Até quarta-feira (19), o MDB deve indicar o nome do partido para o primeiro escalão de Leite. Também será entregue ao governador eleito uma carta com pedidos do partido a Leite em troca do apoio. Na lista estão a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal e a manutenção das políticas de austeridade.
Na terça (18), na Assembleia, o MDB deve dar seis votos favoráveis ao projeto de Leite de manutenção das alíquotas elevadas de ICMS. Edson Brum e Vilmar Zanchin devem ser contrários.