A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirma que o atual ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), recebeu R$ 30 milhões em mesadas do grupo J&F, dono da JBS. O ex-prefeito de São Paulo foi alvo de busca e apreensão na manhã desta quarta-feira (19).
Segundo Raquel Dodge, os recebimentos de valores indevidos ocorreram entre 2010 e 2016, período em que o político teria recebido R$ 350 mil mensais. "O objetivo dos pagamentos era contar com poder de influência do ministro em eventual demanda futura de interesse do referido grupo", afirma a PGR.
Os repasses teriam sido feitos por meio de contratos falsos entre a J&F e uma empresa de prestação de serviços com uma outra do ramo de transportes.
A PGR cita ainda que, em 2014, foram pagos R$ 28 milhões ao diretório Nacional do PSD, na época, presidido por Kassab. O objetivo dos pagamentos era garantir o apoio do partido ao PT na disputa presidencial de 2014.
"Neste caso, o repasse foi operacionalizado por meio de doações oficiais de campanha e outros artifícios como a quitação de notas fiscais falsas. Também há registro da entrega de dinheiro em espécie", diz a PGR.
Contraponto
Kassab afirma que "seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público". Em nota divulgada nesta manhã, ele afirmou que confia na Justiça e está à disposição para prestar esclarecimentos.
"O ministro confia na Justiça brasileira, no Ministério Público e na imprensa, sabe que as pessoas que estão na vida pública estão corretamente sujeitas à especial atenção do Judiciário, reforça que está sempre à disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários, ressalta que todos os seus atos seguiram a legislação e foram pautados pelo interesse público", diz a nota.