O presidente eleito, Jair Bolsonaro, comentou, em entrevista coletiva concedida na tarde desta quinta-feira (1°), a escolha do juiz Sergio Moro para o futuro superministério da Justiça e da Segurança. O capitão reformado destacou que o trabalho do juiz "o ajudou a crescer" nos últimos anos.
— O trabalho dele foi muito bem feito, em função do combate à corrupção, da Operação Lava-Jato. Me ajudou a crescer, politicamente falando — declarou.
Segundo ele, Moro "está indo a guerra sem medo de morrer".
— Como um soldado, ele está indo adiante sem medo de morrer. Temos que combater a corrupção no país, e o caminho para isso é seguir o dinheiro — afirmou o presidente eleito.
Bolsonaro comentou a reunião realizado nesta manhã, que selou a decisão. De acordo com o capitão reformado, Moro terá mais possibilidade de combater a corrupção no centro do governo do que na Justiça Federal do Paraná.
— Ele (Moro) expôs o que pretende e eu concordei com 100%. O combate a corrupção e o crime organizado é muito importante para nós. Ele terá liberdade total para agir — disse.
O presidente também confirmou que irá indicar Moro ao Supremo Tribunal Federal (STF) assim que uma vaga abrir.
— Se ele tiver um bom sucessor, o caminho está aberto para ele — afirmou.
Bolsonaro garantiu que não houve acerto algum sobre essa questão nesse momento. Sobre as críticas do PT à nomeação, o presidente eleito ironizou:
— Se eles estão reclamando, é porque fiz a coisa certa.
Jornais impressos e agências internacionais foram barrados da coletiva de Bolsonaro. Por meio de uma lista regulada por uma policial federal na porta do condomínio, só puderam entrar emissoras de TV (menos a TV Brasil), algumas rádios e dois sites. O credenciamento foi feito pelo assessor Tercio Arnaud Tomaz. Por mensagens pelo Whatsapp, ele disse aos jornalistas barrados que não poderiam entrar "por questões de espaço".
Outros superministérios
Bolsonaro confirmou também o recuo na fusão dos ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, mas afirmou que o superministério da Economia está confirmado, unindo Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com Fazenda e Planejamento.
Um outro "superministério" deverá ser o da defesa, que será "mais valorizado". De acordo com o presidente eleito, o número final de ministérios deverá ser de 17 pastas. Outros dois nomes estariam bem avançados para compor o futuro governo, mas não serão adiantados À imprensa.
Transferência da embaixada de Israel
Bolsonaro também comentou a decisão de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém.
— Nossa segurança em primeiro lugar. Essa questão da embaixada, se o Brasil mudar, eu não vejo um clima pesado. Não é uma questão de vida ou morte. Temos todo o respeito com Israel e com o povo árabe — disse.
Presidência da Câmara
O capitão reformado do Exército também reforçou a ideia de que o seu partido, o PSL, não deve pleitear a presidência da Câmara. Ele chegou a citar o deputado gaúcho Alceu Moreira (MDB) como uma boa opção para o cargo.
Transição
Sobre a transição do governo de Michel Temer, Bolsonaro afirmou que "quem for capacitado poderá permanecer" na estrutura federal. O presidente eleito vai a Brasília na próxima terça-feira para tratar da indicação de nomes.
A reforma da Previdência, na opinião do capitão reformado, ainda não é uma questão fechada.
— Precisa acontecer, mas tem que ser uma que possa ser aprovada pela Câmara — disse.