A lista de notáveis presos pela Lava-Jato desafia quem considerava inimaginável que políticos e empresários influentes no cenário nacional pudessem ser mantidos atrás das grades por longos períodos. Apesar de mudanças no grupo de presos a partir de habeas corpus e delações premiadas, a lista conta com um ex-presidente da República, ex-ministros, políticos de diversos partidos, ex-dirigentes da Petrobras e doleiros.
Parte desses integrantes já foi julgada e condenada em primeira instância. A maioria teve a pena confirmada e até ampliada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). É o caso de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba desde abril deste ano.
Um habeas corpus que poderá garantir sua liberdade está pronto para análise do STF, mas não deverá ser julgado antes de setembro. O ex-presidente também tentará obter registro para sua candidatura nas eleições de outubro. Atualmente, por ter sido condenado por órgão colegiado, Lula está inelegível – conforme a Lei da Ficha Limpa.
Responsável pelo depoimento que baseou a condenação do petista, o ex-presidente da empreiteira OAS Leo Pinheiro está na mesma instituição. Outro conhecido de Lula, ministro da Fazenda durante seu primeiro mandato na Presidência, Antônio Palocci (sem partido-SP) ocupa uma das celas da carceragem desde setembro de 2016. O rol dos nomes de peso do local é fechado pelo ex-diretor da Petrobras Renato Duque.
A menos de 15 quilômetros, no Complexo Médico Penal (CMP) de Pinhais, está um dos presos mais emblemáticos da Lava-Jato. O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (MDB-RJ), líder da articulação que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff, foi condenado em segunda instância a 14 anos e seis meses de prisão pelo recebimento de propina em troca de contratos com a Petrobras. Em outro caso, que apura desvios na Caixa Econômica Federal, recebeu pena de 24 anos e 10 meses, ainda em primeiro grau.
Cunha chegou ao local em outubro de 2016. Um mês depois, foi a vez do ex-governador fluminense Sérgio Cabral (MDB), recordista em condenações na Lava-Jato, que já ultrapassam cem anos de prisão. Atualmente, cumpre pena na Cadeia Pública de Bangu, no Rio de Janeiro.
O CMP abriga também os ex-tesoureiros do PT João Vaccari Neto (desde 2015) e Delúbio Soares, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine, o ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) e o ex-deputado André Vargas (sem partido-PR).
Em Brasília, no Presídio da Papuda, está o ex-ministro Geddel Vieira Lima (MDB-BA). Em junho, foi parar na solitária por ofender um agente penitenciário que vistoriava sua cela.
O uso de tornozeleira eletrônica também traz nomes antes respeitados nos círculos políticos. O equipamento é usado pelo ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, pelos publicitários de campanhas petistas João Santana e Mônica Moura, pelo doleiro Alberto Youssef (um dos primeiros investigados na Lava-Jato) e por Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora que leva seu sobrenome.
Liberado da prisão pela 2ª Turma do STF, o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula José Dirceu (PT-SP) deveria também ser monitorado, conforme decisão do juiz federal Sergio Moro. No entanto, o ministro do Supremo Dias Toffoli derrubou a decisão.