O presidente da República, Michel Temer, reuniu pela primeira vez, nesta quinta-feira (12), a nova equipe ministerial, que sofreu mudanças por causa da saída de políticos que irão concorrer nas eleições de outubro. Em reunião no Palácio do Planalto, Temer disse que é momento de dar continuidade às ações do governo, e orientou os novos integrantes do primeiro escalão a não se incomodarem com críticas.
— Não vamos nos incomodar com criticas, com aqueles que querem dizer: "Não, não pode, etc., isso e aquilo". Nós vamos em frente. Enquanto as pessoas protestam, a caravana aqui do governo vai trabalhar — afirmou.
Temer afirmou que a missão dos novos ministros é dar sequência a programas iniciados por seus antecessores, e ressaltou ações tomadas em sua gestão, que iniciou há quase dois anos. Primeiro, destacou resultados da economia, projetos aprovados no Congresso, como a PEC do teto de gastos, falou sobre programas sociais e medidas na área de educação, citando a reforma do ensino médio.
Segundo o presidente, as mudanças ocorreram a partir de um diálogo que "identificou os anseios da sociedade".
— Ressalto a palavra continuidade porque, às vezes, alguém pode chegar e achar que pode mudar estrutura e programas dos ministérios. Isso não é razoável nem admissível.
Na terça-feira (10), Temer deu posse a 10 novos ministros. Nos próximos dias, deve anunciar os novos titulares dos ministérios do Meio Ambiente e da Secretaria-Geral da Presidência, que ficaram vagos na primeira etapa da reforma.
Após a reunião ministerial, o presidente avalia viajar a São Paulo para discutir os desdobramentos das investigações sobre o PMDB e amigos próximos, como os ex-assessores José Yunes e coronel Lima. Nesta quinta-feira, reportagem da Folha de S.Paulo aponta que um fornecedor da reforma de um imóvel da filha de Temer afirmou que as despesas da reforma foram pagas em dinheiro pela esposa do coronel Lima.
Piero Cosulich, dono da Ibiza Acabamentos, uma das empresas que entregaram material na residência de Maristela, em Pinheiros, bairro nobre de São Paulo, afirmou à Folha de S. Paulo que Fratezi era quem levava, pessoalmente, o dinheiro na loja.
— Foi Maria Rita Fratezi quem fez os pagamentos, em espécie, em parcelas. Os pagamentos foram feitos dentro da loja — disse.
Um recibo de um destes pagamentos, emitido pela Ibiza em 30 março de 2015, no valor de R$ 12.480, está em poder da PF. Embora o pagamento tenha sido feito por Maria Rita, o recibo está em nome de Maristela. A estimativa da PF é de que a reforma tenha custado R$ 1 milhão.
O coronel Lima foi preso em 29 de março, alvo da Operação Skala, que apura sistema de corrupção para beneficiar empresas do setor portuário com a renovação de concessões públicas. Ele ficou preso por três dias e Maria Rita foi intimada para depor. Ambos ficaram em silencio durante os depoimentos.
Contraponto
A assessoria do presidente Michel Temer informou que os esclarecimentos a respeito da reforma na casa de Maristela Temer seriam feitos pela defesa da filha. O advogado de Maristela disse que os esclarecimentos seriam dados apenas à PF, caso ela seja intimada a depor.
O advogado que defende o coronel João Baptista Lima Filho e sua mulher, Maria Rita Fratezi, afirmou que eles não cometeram nenhuma irregularidade.