Após participar de cerimônia na Assembleia Legislativa, nesta terça-feira (17), o general Edson Leal Pujol, comandante Militar do Sul, avaliou que o Brasil não deseja governos militares. Segundo ele, a população acredita em valores associados às Forças Armadas, mas não quer que elas comandem o país.
— Uma parcela das pessoas tem se manifestado, por diversos meios, dizendo que confia nas instituições militares. Mas não que quer que o país se transforme em um militarismo. Vivemos um período de turbulência, a população enxerga nas instituições militares valores éticos e morais. Não vejo que estejam buscando o militarismo para o Brasil — avaliou.
O comandante também disse não haver riscos de que o país passe agora por um processo semelhante ao de 1964 – quando começou o regime militar – porque, segundo ele, não há a polarização mundial percebida à época.
— Se nós analisarmos historicamente, os períodos são distintos, até mesmo na área internacional. O mundo vivia um cenário bipolar, um movimento internacional buscando expandir a doutrina socialista e comunista em muitos países. Hoje vivemos muito mais uma crise interna, não por questões ideológicas — disse.
O general também minimizou as afirmações feitas pelo comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, que se manifestou, na véspera do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula pelo Supremo Tribunal Federal (STF), apontando que a instituição “compartilha o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade (...), bem como se mantém atento às suas missões institucionais”.
Para Pujol, o entendimento de setores políticos de que a afirmação de Villas Bôas foi uma tentativa de pressão sobre o STF não procede.
Vivemos um período de turbulência, a população enxerga nas instituições militares valores éticos e morais.
EDSON LEAL PUJOL
Comandante Militar do Sul
— Essa interpretação sobre a manifestação do comandante do Exército é muito diversa. Não foi essa (de pressão) a intenção do comandante do Exército. Nós nos colocamos pelo princípio da legitimidade e da legalidade.
Pujol ainda falou sobre o pré-candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) que, para ele, não representa o Exército brasileiro, sendo apenas um militar reformado que “há muito tempo está na vida política”.
— Bolsonaro não representa o Exército (...) muitas das ideias que externa, ele aprendeu na vida militar, mas ele não é um candidato do Exército ou um candidato militar — disse.
Pujol foi um dos mais de cem militares que acompanharam o período do Grande Expediente da sessão da Assembleia desta terça-feira. Por proposta do deputado Bombeiro Bianchini (PR), o ato homenageou o Dia do Exército, celebrado em 19 de abril.